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Caso Henry: Monique relata agressões de Jairinho

 

Monique Medeiros, mãe do menino Henry morto no dia 8 de março, relatou agressões sofridas por Dr. Jairinho, principal suspeito de ter agredido Henry até a morte. O relatou foi narrado durante uma carta de 29 páginas escrita pela mãe durante sua internação no Hospital Penitenciário em Bangu, onde está isolada com Covid-19.

Fragmentos do texto foram divulgados pelo programa Fantástico, onde Monique relata acontecimentos na noite do crime. Segundo a professora, ela teria colocado Henry na cama após ele acordar três vezes. Quando o casal cansou de assistir uma série, por volta da 1h30, Jairinho teria a chamado para irem deitar no quarto. Assim que chegaram ao cômodo, o vereador “ligou a televisão num canal qualquer, baixinho, ligou o ar condicionado, me deu dois medicamentos que estava acostumado a me dar, pois dizia que eu dormia melhor, mas eu não o vi tomando. Logo, eu adormeci”, conta.

“De madrugada, ele me acordou dizendo para eu ir até o quarto, que ele pegou o Henry no chão, o colocou na cama e que meu filho estava respirando mal. Fui correndo até o quarto, meu filho estava de barriga pra cima, descoberto, com a boca aberta, olhos olhando para o nada e pensei que tivesse desmaiado”, continua.

Esta versão contraria o primeiro depoimento dado por Monique durante o mês de março, quando ela havia dito que viu o menino caído no chão do quarto e chamando Jairinho. Segundo a mãe, ela alega que mentiu à Polícia Civil pois foi orientada pela defesa.

“Fui treinada por dias para contar uma versão mentirosa por me convencerem de que eu não teria como pagar por um advogado de defesa e que eu deveria proteger o Jairinho, já que ele se diz inocente”, afirma.

Comportamentos agressivos

Ainda na carta, Monique relatou momentos em que Jairinho teria a agredido. Em um dos relatos, Monique disse que durante o divórcio com o ex-marido, pai de Henry, o vereador teria dito uma crise de ciúmes que o levou invadir o quarto onde a professora dormia ao lado do filho e a enforcado após olhar em seu celular.

”Lembro de ser acordada no meio da madrugada, sendo enforcada enquanto eu dormia na cama ao lado do meu filho… Quase sem ar, ele jogou telefone em cima de mim, perguntando, me xingando e me ofendendo […] No dia seguinte ele pediu desculpas, disse que me amava muito”.

Monique também relata que Jairinho ligava ao menos 20 vezes ao dia, sempre pedia que ela mandasse fotos e teria colocado pessoas para segui-la enquanto estava na academia. Alegou que começou a ter crises de ansiedade e que ele havia a recomendado ansiolíticos e remédios para que ela dormisse melhor.

Tentativas de separação

Por conta do comportamento totalmente agressivo do companheiro, Monique teria tentado se separar de Jairinho mas o político ameaçava ela e sua família: “Eu não sabia, mas estava sendo manipulada durante todo o tempo em um relacionamento que me oprimia e eu não sabia como sair. Meus pais são pessoas boas, humildes, com caráter, mas não têm outro lugar para ficar. Temo pela vida deles!”.

A defesa de Monique defende que ela vivia em um relacionamento abusivo e que, durante seus primeiros depoimentos, a professora sentia medo de falar pois sempre estava acompanhada por alguém.

Monique pediu para prestar um novo depoimento há mais de uma semana, mas o diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), delegado Antenor Lopes, informou que já há elementos o suficiente para concluir o relatório que deve ser fechado ainda essa semana.

Monique e Dr. Jairinho estão presos temporariamente desde o dia 8 de abril.