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Caso Lázaro: militar goiano relembra operação que pôs fim à onda de terror

Última atualização 26/06/2022 | 10:12

Ele exala confiança e tem muita fé em Deus. Essas duas características foram aliadas da técnica do tenente-coronel Edson Melo para capturar Lázaro Barbosa há um ano, após megaoperação que envolveu equipes de diversas áreas de forças policiais federais e estaduais. A caçada, acompanhada pelos brasileiros por meio do noticiário chegou ao fim, mas ainda não se sabe se e quem teria ajudado o criminoso nos 20 dias de buscas na região de Cocalzinho de Goiás.

Aclamado, Edson chegou a escrever um livro em que narra os dias ao lado de uma equipe de voluntários da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam) goiana, mesma condição que a dele. Integrante do grupo responsável pela segurança do governador Ronaldo Caiado, a ida para o interior do estado ocorreu após um pedido pessoal para colaborar na operação. 

Encontrar o homem mais procurado do país naquele momento foi resultado de muito esforço físico e mental. A utilização de helicópteros, viaturas, cães farejadores, drones com visão térmica, rádios especiais com alcance de quilômetros e antenas amplificadoras de sinal não foram suficientes para abreviar o fim da busca ao fugitivo. A estratégia teve de ser reavaliada diversas vezes para se contrapor ao extremo conhecimento de Lázaro sobre a região onde cresceu e se tornou um “mateiro”. 

“O que a gente podia contar como comida na operação era o que a gente levava no bolso da farda, que era barra de cereal, paçoquinha ou algum doce que pudesse dar energia. A gente enchia nossos cantis quando a nossa incursão passava por um curso d’água ou por alguma fazenda. Me lembro que no segundo ou terceiro dia, ficamos sem comer o dia todo. Policial quando está em operação está focado na missão, não conta com a sorte”, relembra.

Cláudio Vidal, Cleonice Marques, Gustavo Vidal e Carlos Eduardo Vidal,  mortos por Lázaro Barbosa (Foto: Arquivo / DE)

Chegar ao assassino de uma família de quatro pessoas no Distrito Federal foi uma forma de devolver a paz para a população, especialmente, a do local de buscas. A vocação do tenente-coronel foi agraciada com um sonho que, segundo ele, mostrou uma casa onde mais tarde descobriria ser a da ex-sogra do criminoso. O azar de Lázaro, na opinião do militar goiano, era ter em seu encalço a melhor polícia do Brasil. 

Modus operandi

O alvo se tornou acessível quando, na manhã de 28 de junho, Edson usou os mesmos recursos empregados por Lázaro. O modus operandi dele foi a “arma” que o fragilizou. Após observar em detalhes o comportamento do baiano de 32 anos, o tenente-coronel se posicionou com a equipe em uma região com bambus e vegetação alta onde seria apropriado para o fugitivo se esconder. 

Um vulto logo foi avistado e, encurralado, o criminoso prometeu atirar na cabeça dos policiais, caso se aproximassem. Eles mantiveram a cadência dos passos enquanto revidavam os disparos feitos ao mesmo tempo de uma pistola e um revólver (Lázaro atirava com destreza com as duas mãos). Algum tempo depois, o tiroteio cessou. O assassino estava caído, ferido, junto ao bambuzal. Foram 125 tiros sendo que 60 deles acertaram o criminoso. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu. 

Ponto(s) de apoio

Edson acredita que o prolongamento da ação teve a contribuição de outras pessoas para dar suporte ao criminoso. A linha de pensamento é a mesma da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), responsável pelo inquérito do caso. Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, no início deste mês, o delegado à frente das investigações, Raphael Seixas, declarou que o caso foi esclarecido, mas não solucionado.

Lição

Embora tenha sido muito desgastante, o período em que se licenciou da segurança pessoal do governador Ronaldo Caiado e liderou outros oito policiais da Rotam para encontrar Lázaro, foi considerado muito positivo pelo tenente-coronel. Ele não concordava com o julgamento feito por alguns meios de comunicação questionando a capacidade dos policiais goianos.

“Uma caçada como essa nos mostrou a importância de conhecer o comportamento do criminoso a ser capturado. Só que muito mais do que os conhecimentos técnicos, eu acredito que essa operação serviu para mostrar ao povo goiano que a nossa gloriosa Polícia Militar é a mais capacitada do país e que se deve ter orgulho dessa corporação”, finaliza Edson.

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