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Caso Marielle Franco: após condenação, famílias buscam justiça contra mandantes

Última atualização 01/11/2024 | 08:44

Após a leitura da sentença que condenou Ronnie Lessa e Élcio Queiroz pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, as famílias das vítimas se abraçaram e se emocionaram com o resultado do julgamento. No entanto, a luta pela justiça não terminou ali. Imediatamente depois da condenação, as famílias sinalizaram que vão seguir lutando, desta vez pela condenação dos mandantes dos crimes.
 
“Não acaba aqui porque tem mandantes. E agora a pergunta que nós vamos fazer é: ‘Quando serão condenados os mandantes?’ Porque aquele choro que eles exibem nas suas oitivas, pra mim, não é um choro sincero. O choro sincero foi o nosso, porque nós perdemos a nossa filha, a Agatha perdeu o Anderson e a Mônica perdeu a Marielle,” afirmou Antônio da Silva Neto, pai de Marielle, no Tribunal de Justiça do Rio.
 
Os acusados de serem mandantes dos crimes são os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, além do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa. Eles serão julgados no Supremo Tribunal Federal (STF). A Primeira Turma do STF já aceitou a denúncia e tornou réus os acusados, que vão responder a uma ação penal pelos crimes.
 
A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco, reforçou a determinação da família em buscar justiça. “A gente sabia que tinha que lutar e batalhar por Justiça e hoje a gente sai daqui com esse sentimento. A gente sabe que não acaba aqui, ainda tem uma parte, saber quem pensou, quem mandou, quem pagou por esse crime,” disse.
 
Luyara Franco, filha de Marielle, também expressou a coragem e a determinação da família. “A nossa coragem trouxe a gente até aqui. É um dia muito difícil. Eu tenho certeza que nenhum de nós queríamos estar aqui. A Agatha queria o Anderson aqui, eu queria minha mãe aqui. Mas com certeza o dia de hoje entra para a história e para a democracia desse país. A gente tem muitos passos pela frente ainda nesse caso como um todo, mas hoje com certeza é o primeiro passo por eles e a gente vai seguir lutando.”
 
Ronnie Lessa, o autor dos disparos na noite de 14 de março de 2018, foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Élcio Queiroz, que dirigiu o veículo usado no atentado, recebeu uma pena de 59 anos e 8 meses. Ambos firmaram acordos de delação premiada, o que reduzirá os tempos de execução de suas penas.
 
Além das penas de prisão, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz também terão que pagar indenizações que somam R$ 3,5 milhões aos parentes das vítimas. Os valores serão divididos entre os dois condenados e incluem indenizações por dano moral para o filho de Anderson, Arthur; a viúva de Anderson, Ágatha Arnaus; a filha de Marielle, Luyara Franco; a viúva de Marielle, Mônica Benício; e a mãe de Marielle, Marinete Franco.
 
A viúva de Anderson, Ágatha Arnaus, reforçou a necessidade de responsabilizar todos os envolvidos. “Quem tem que perdoar é Deus ou quem acredite. Eu não perdoo, nunca. Eu tenho paz na minha vida, mas eu não preciso perdoar. Que eles eram assassinos, a gente já sabia. Agora a gente também tem ex-parlamentares e ex-chefe de polícia que tem que ser responsabilizados também.”
 
Com a condenação dos executores, as famílias de Marielle e Anderson agora miram a justiça contra os supostos mandantes, determinadas a não parar até que todos os responsáveis sejam punidos.