O presidente catalão, Carles Puigdemont, afirmou que poderá declarar a independência da Catalunha no fim desta semana ou no início da próxima. As declarações foram feitas à inglesa BBC, ontem (3), pouco antes de o Rei Filipe VI fazer um pronunciamento pela televisão a toda a população da Espanha, em que considera que o governo catalão agiu com “deslealdade inadmissível”.
No último domingo (1º), cerca de 2 milhões de pessoas (90%) votaram a favor da independência catalã. O governo espanhol afirma que o referendo foi ilegal e que não reconhecerá o processo.
“Vamos declarar independência 48 horas depois de contabilizados todos os resultados oficiais. Isso provavelmente estará terminado assim que tenhamos todos os votos dos estrangeiros no fim da semana, e assim agiremos provavelmente durante o fim desta semana ou no início da próxima”, afirmou Puigdemont, que fará uma declaração aos catalães hoje (4), às 21h (horário de Barcelona).
O Parlamento Europeu se reunirá na tarde de hoje com o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, para debater sobre a Constituição, o Estado de Direito e os Direitos Fundamentais na Espanha.
O presidente catalão já declarou que espera que a União Europeia (UE) se envolva como mediadora do conflito que, para ele, não é doméstico e sim europeu. Ele disse à BBC que acha “muito decepcionante” que a UE não tenha escutado o povo catalão.
No entanto, a Comissão Europeia voltou a afirmar que a crise na Catalunha é questão interna da Espanha e, ao que parece, não tem intenção de mediar o conflito. Para Jean Claude Juncker, presidente da comissão, o referendo de domingo não é válido. No entanto, ele condenou a utilização da violência como instrumento político.
“Como disse o presidente Juncker, esse é um assunto interno da Espanha e esperamos que os intervenientes se sentem à mesa, que a situação se acalme e encontrem uma solução”, concluiu o vice-presidente do executivo comunitário Jyrki Katainen.
Quando perguntado pela BBC sobre uma possível intervenção do governo central na Catalunha, Carles Puigdemont considerou que “seria outro erro, de uma série de erros” e que a cada novo acontecimento, o governo catalão ganha mais apoio social.
Discurso do rei
No pronunciamento feito ontem (3) pela televisão, o rei da Espanha, Felipe VI, afirmou que o país vive momentos muito graves para a vida democrática.
“Há muito tempo, determinadas autoridades da Catalunha, de maneira reiterada, consciente e deliberada, vêm descumprindo a Constituição e seu Estatuto de Autonomia, que é a lei que reconhece, protege e ampara as instituições históricas e o autogoverno. Com suas decisões, violaram de maneira sistemática as normas aprovadas legal e legitimamente, demostrando deslealdade inadmissível diante dos poderes do Estado”, disse Felipe VI.