Cearense sem ensino fundamental completa livros e é finalista de prêmio nacional aos 89 anos

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Aos 89 anos e sem ensino fundamental completo, cearense lança livros e é finalista de prêmio nacional

Maria Moura dos Santos, conhecida como Maria Toinha, contou com a ajuda do neto para contar suas experiências como mãe de santo, mulher negra e retirante da seca de 1958 no Ceará.

Quando muitos acreditam que é tarde demais para começar algo novo, Maria Moura dos Santos, uma cearense de 89 anos, prova o contrário. Mesmo sem ter concluído o ensino fundamental, ela publicou quatro livros, e se tornou finalista de um prêmio literário nacional.

Conhecida como Maria Toinha, ela nasceu em Paraipaba, na Região Metropolitana de Fortaleza. Afroindígena, mãe de santo e umbandista, Maria enfrentou as duras consequências da seca que assolou o Ceará e transformou suas vivências e histórias em livros. Em conversa com o programa “Inspira e Ação”, da TV Verdes Mares, a idosa contou como sua trajetória na literatura começou.

DE VÍTIMA DA SECA A ESCRITORA RECONHECIDA

Tudo começou quando Marcos Andrade, neto de Maria Toinha, pediu para a avó compartilhar suas histórias de vida. Enquanto ela relembrava momentos marcantes, Marcos os registrava no computador, dando início a uma parceria literária que resultaria em quatro livros.

Maria Toinha e o neto transformam memórias em livros com destaque nacional. Inspirados nas experiências de Maria Toinha como mãe de santo, mulher negra e retirante da seca de 1958 no Ceará, os livros lançados foram: A Mística dos Encantados (2020), Lavagem Encantada (2022), Caminhos Encantados (2023) e Sonhaçu: as infâncias encantadas de Maria Toinha (2024).

Marcos conta que a ideia de registrar as histórias da avó surgiu durante um momento difícil, quando ela enfrentava uma inflamação grave no pâncreas. O medo de que as memórias de Maria Toinha se perdessem para sempre o motivou a agir.

O trabalho da cearense ganhou reconhecimento nacional com sua indicação ao Prêmio Sim à Igualdade Racial 2025, na categoria Inspiração, no pilar Educação. Embora a vencedora tenha sido a Cacica Maria Valdelice, a indicação de Maria Toinha representa uma importante conquista, ressaltando o impacto cultural e social de sua trajetória e de suas obras.

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