Nesta sexta-feira, Nova Iguaçu e Duque de Caxias se preparam para celebrar o padroeiro Santo Antônio em meio a um clima festivo. Para muitos devotos, Santo Antônio é conhecido como o “santo casamenteiro”, mas para outros, como a antropóloga Shirley Albuquerque, ele representa o papel de abrir os caminhos, semelhante ao orixá Exu nas religiões de matriz africana. Esse sincretismo religioso, que une diferentes crenças e culturas, é uma característica marcante em várias regiões do Brasil.
A cidade do Rio de Janeiro também se prepara para as festividades em honra a Santo Antônio. Em locais como a Casa Espírita Irmãos de Caridade e o Ilê Ogunjá, as celebrações religiosas trazem à tona a presença de Exu em conjunto com o padroeiro. O dia é dedicado à parte religiosa, enquanto a festa acontecerá no dia seguinte, com arrecadações solidárias de alimentos e agasalhos em diversos terreiros da região.
Nos templos católicos, a devoção a Santo Antônio é marcada por testemunhos de fé e tradições populares, como o bolo de Santo Antônio com alianças, cruzes e medalhas escondidas em seu interior. Acredita-se que o santo tenha o poder de unir casais e abençoar aqueles que buscam seu auxílio. Na Paróquia de Santo Antônio de Pádua, a tradição inclui a distribuição de milhares de pães, em homenagem à generosidade do santo.
O perfil da religiosidade no Rio de Janeiro vem passando por transformações, conforme dados do IBGE. O percentual de católicos tem diminuído, enquanto o número de seguidores de religiões de matriz afro tem aumentado. O sincretismo presente nas manifestações religiosas revela a influência das diversas culturas que se entrelaçam na cidade, como a proximidade entre Santo Antônio e Exu, que reflete a diversidade espiritual e cultural do Brasil.
Para o escritor Luiz Antônio Simas e o Babalawô Ivanir dos Santos, o sincretismo entre Santo Antônio e Exu demonstra a riqueza e a complexidade das crenças presentes no país. Essa interação entre diferentes tradições religiosas enriquece a forma como os fiéis celebram e reverenciam seus santos e divindades, criando um ambiente de respeito e tolerância às diferenças. A festa em honra a Santo Antônio é mais do que uma comemoração religiosa; é um reflexo da diversidade e da espiritualidade presentes na sociedade brasileira.