Queda do home office? Por que Campinas tem menos pessoas trabalhando em casa, segundo Censo 2022
Mudanças na metodologia da pesquisa e transformações do mercado de trabalho podem explicar mudança.
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O número de moradores de Campinas (SP) que trabalham de casa caiu, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Censo Demográfico de 2022, 16,1% da população atuava em domicílio, percentual inferior ao registrado em 2010, quando era 28,3%.
O indicador faz parte do recorte que analisou o deslocamento que as pessoas consideradas ocupadas fazem de suas residências até o local em que atuam. Em números absolutos:
* em 2010, 153.275 moradores disseram trabalhar em casa
* em 2022, 94.167 moradores disseram trabalhar em casa
Isso não significa necessariamente uma queda no trabalho remoto, que ficou conhecido como home office – que é quando uma pessoa realiza suas atividades profissionais fora do local físico da empresa para a qual está empregado ou presta serviço.
Na verdade, a redução pode estar ligada a fatores como o fim de atividades manuais que eram realizadas em casa e a mudanças na metodologia da pesquisa, como detalhou Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE.
“A gente tinha até 2010 uma série de atividades que eram desenvolvidas em domicílio, que complementavam a atividade industrial, e essas atividades desapareceram. Por exemplo, o setor têxtil tinha uma parte do trabalho que era entregue em domicílio e as famílias faziam esse trabalho”.
MUDANÇA METODOLÓGICA E TRANSFORMAÇÕES DO MERCADO
De acordo com o IBGE, dois fatores principais podem ser atribuídos à redução. São eles:
* Mudança metodológica: em 2010, o conceito do que é o trabalhador ocupado – que é usado nesse cálculo – incluía os trabalhadores na produção para o próprio consumo. Em 2022, esses trabalhadores deixaram de ser considerados ocupados, e, portanto, não foram coletadas informações sobre deslocamento deles.
* Transformações no mercado de trabalho: além das funções que deixaram de existir ao longo desses 12 anos, o IBGE cita também a diminuição no número de trabalhadores rurais, que atuavam no mesmo lugar em que moravam. O Censo mostrou que, desde 2010, o Brasil perdeu 4 milhões de pessoas nas zonas rurais e ganhou 16 milhões em cidades.
HOME OFFICE É PARA POUCOS
Ainda de acordo com a pesquisa, a maioria das pessoas que trabalham de casa em Campinas ganha de um a dois salários mínimos. No entanto, também é grande a parcela que declarou fazer home office e recebeu mais de cinco salários. Para Mariano, esse fator está diretamente ligado a questões socioeconômicas, com o tipo de trabalho exercido.
* até 1/4 de salário mínimo: 1.033 pessoas
* mais de 1/4 a 1/2 salário mínimo: 5.100
* mais de 1/2 a 1 salário mínimo: 14.595
* mais de 1 a 2 salários mínimos: 27.004
* mais de 2 a 3 salários mínimos: 14.630
* mais de 3 a 5 salários mínimos: 15.403
* mais de 5 salários mínimos: 16.260
* sem rendimento: 142
“A gente pode perceber que o home office, apesar de ter sido uma virada importante na atividade econômica, não esteve disponível para todos os trabalhadores. Um segmento muito específico da sociedade que teve essa possibilidade, que são trabalhadores de rendimento mais elevados”.
> “A grande maioria dos trabalhadores ligados à atividade de trabalhos braçais não teve a possibilidade de desenvolver atividade remota”, completa o especialista.
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