Censura e racismo: faixas antirracistas são removidas do Campus Pontal da UFU

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Faixas antirracistas são removidas do Campus Pontal pela Prefeitura
Universitária da UFU e estudantes denunciam censura e racismo

Ação promovida pelo Programa de Educação Tutorial de Geografia fazia parte das
ações do Mês da Consciência Negra e gerou manifestação após ser retirada pela
administração do campus.

Fala de chefe de gabinete da UFU sobre racismo gera protesto de estudantes

A Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) foi alvo de críticas após a Prefeitura Universitária do Campus Pontal, em Ituiutaba, retirar faixas e cartazes com mensagens antirracistas. Os materiais foram colocados por
estudantes do Programa de Educação Tutorial de Geografia (PET Geografia) como
parte das ações do Mês da Consciência Negra. O objetivo era incentivar o debate
sobre racismo estrutural e valorizar vidas negras.

O racismo estrutural fica configurado quando a ordem jurídica, política e econômica preserva “os privilégios
brancos” e cria condições de prosperidade para apenas um grupo.

De acordo com o PET Geo Pontal, os cartazes foram colocados no dia 2 de novembro
em vários pontos do campus como uma ação simbólica e educativa. No dia seguinte,
parte dos materiais foi retirada por ordem da Prefeitura Universitária, que alegou necessidade de limpeza dos espaços.

No domingo (9), a Reitoria da UFU divulgou uma nota pública pedindo desculpas
aos estudantes e repudiando o episódio.

GRUPO ESTUDANTIL DENUNCIA UFU POR CENSURA

Durante a intervenção, os estudantes colaram imagens de artistas e intelectuais
negros sobre um quadro comemorativo da Faculdade de Ciências Integradas do
Pontal (Facip). A ação buscava chamar atenção para a falta de representatividade racial na
universidade.

Segundo o grupo, a administração considerou a intervenção ofensiva e a
classificou como vandalismo. A decisão foi criticada pelos estudantes, que
acusaram a UFU de censurar manifestações legítimas e apagar simbolicamente lutas
sociais.

A nota pública do grupo declarou ainda que “racismo não se limpa com vassoura”
e que a retirada dos cartazes foi uma tentativa de silenciar denúncias sobre
desigualdades históricas.

NEGAÇÃO DE RACISMO EM ENCONTRO GEROU REVOLTA ENTRE ESTUDANTES

O tutor do PET Geografia no Campus Pontal, professor Antonio Oliveira Junior,
informou ao Diário do Estado que durante um
encontro com todos os PETs da UFU, no último fim de semana, os alunos fizeram um
ato de protesto.

A manifestação simbólica ocorreu depois que representantes do PET Geografia
pediram a palavra no evento para relatar o ocorrido. No entanto, a situação se
agravou quando a chefe de gabinete da Reitoria, Christiane Pitanga Serafim da
Silva, se pronunciou negando a existência de racismo na universidade.

A declaração gerou revolta entre os presentes e o grupo, apoiado
por integrantes de outros PETs, então realizou o ato de protesto.

LEIA A NOTA DA UFU NA ÍNTEGRA

Uma nota de repúdio foi publicada nas redes sociais no domingo (9), pós-manifestação dos
estudantes do PET Geografia, com o pedido de desculpas.

“A Reitoria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) manifesta
seu profundo repúdio diante do episódio de racismo ocorrido recentemente no
Campus Pontal. A UFU reafirma de forma inequívoca seu compromisso com o respeito, a diversidade
e a inclusão, princípios que orientam todas as suas ações institucionais. Nenhum
ato discriminatório, em qualquer de suas formas, é compatível com os valores que
regem a nossa universidade. Em nome da Reitoria, pedimos desculpas públicas às pessoas atingidas direta e
indiretamente por esse episódio. Reconhecemos a gravidade do ocorrido e nos
solidarizamos com toda a comunidade acadêmica, em especial do Campus Pontal. A universidade está adotando as medidas cabíveis para averiguação dos fatos e
para o fortalecimento de ações permanentes de enfrentamento ao racismo em todos
os seus espaços. A UFU é e continuará sendo uma instituição plural, democrática e comprometida
com a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Uberlândia, 09 de
novembro de 2025”.

MEDIDAS ADMINISTRATIVAS ESTÃO SENDO ADOTADAS

O Diário do Estado também procurou a UFU para obter esclarecimentos sobre as medidas concretas
que estão sendo adotadas e perguntou se a instituição pretende revisar seus
protocolos internos para garantir que manifestações pedagógicas e políticas dos estudantes não sejam censuradas ou equivocadamente classificadas como atos de
vandalismo.

Em nota, a instituição federal respondeu que o professor Guimes Rodrigues Filho,
diretor da Diretoria de Estudos e Pesquisas Afrorraciais (Diepafro), esteve no
Campus Pontal logo após o incidente para ouvir os estudantes do curso de
Geografia e demais envolvidos.

Segundo a instituição, a apuração do caso está em andamento e, ao final, será
elaborado um relatório a ser encaminhado ao reitor.

A UFU também afirmou que pretende construir, junto à comunidade acadêmica, ações
específicas para fortalecer a política de enfrentamento ao racismo no campus de
Ituiutaba. Além disso, garantiu que preza pela liberdade de expressão e que os protocolos para
afixação de faixas e cartazes serão revisados e divulgados amplamente entre
estudantes, professores e técnicos.

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