Preço e facilidade impulsionam ensino à distância, mas vale a pena?

ensino à distância

A pandemia fez muitas pessoas perderem renda ou terem que trabalhar mais. Para algumas delas, cursar uma faculdade se tornou uma possibilidade somente pela modalidade à distância. Apesar da dificuldade em se adaptar e de algumas críticas, esse tipo de ensino ganha espaço com mensalidades imbatíveis e praticidade para estudar em qualquer lugar e a qualquer hora.  O Centro-Oeste é o terceiro do país em número de matrículas no sistema à distância, de acordo com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). 

Para a estudante Hayna Sperling, a troca de curso a obrigou a migrar para a graduação à distância.  A instituição onde estuda oferece a faculdade de Design de Interiores apenas com aulas presenciais e não seria possível conciliar com o horário do trabalho. A diferença de preço cobrado como mensalidade também foi bastante atrativo: a universitária deixou de pagar R$800 e começou a custear os estudos por R$300 mensais. Apesar da praticidade, ela relata estar enfrentando alguns obstáculos pessoais.

“Com o EaD, eu tenho mais facilidade, posso estudar quando quiser, não preciso me deslocar até a faculdade e perder tempo ou ter estresse com o trânsito. É só acessar à Internet e estudar. Por outro lado, achei que seria mais fácil. Confesso que estou tendo dificuldade em me concentrar nos estudos e em me esforçar. Eu preciso ir atrás, ter a rotina de abrir as aulas online até para não ganhar falta.  Não é a mesma coisa que ir a uma aula e o professor me explicar o conteúdo”, detalha.

As estatísticas da Abmes são relativas ao primeiro ano da pandemia, em 2020, período que “forçou” muitos alunos a aderirem a aulas não presenciais. No entanto, investimentos em tecnologia e novas abordagens de ensino-aprendizagem ajudaram a impulsionar o hibridismo fazendo com que no primeiro semestre deste ano o número de novas matrículas em cursos superiores semipresenciais e híbridos subisse 43% em comparação com mesmo período do ano passado. 

“A pesquisa mostra que os dois anos da pandemia mudaram a cabeça dos estudantes a respeito da oferta de EaD. O interesse deles pelas graduações não presenciais quase dobrou. Continuamos percebendo que os cursos a distância vão continuar crescendo mais rápido do que os tradicionais. Os jovens ‘provaram’ do modelo híbrido e gostaram e, portanto, hoje têm mais interesse nessa modalidade não presencial do que tinham antes da pandemia”, pontua o  diretor presidente da ABMES, Celso Niskier. 

Ensino à distância, bom somente para alguns

A coordenadora pedagógica e de gestão Moodle da Universidade Federal de Goiás (UFG), Janice Lopes, explica que a adesão ao EaD nos últimos tempos está relacionada à possibilidade de o estudante organizar tempo e espaço de estudo com maior flexibilidade que em um curso presencial frente às dificuldades financeiras e à necessidade de trabalhar. 

“O que compromete a qualidade do curso não é a sua modalidade de oferta, mas a forma como estas ofertas são realizadas (as condições estruturais e técnicas, como Internet e física dos polos dos cursos). De tal forma que também na modalidade presencial encontramos cursos oferecidos com qualidade bastante questionável”, explica.

Na perspectiva dela, o aluno do EaD acaba tendo que se esforçar mais porque a modalidade apresenta um novo modo de organização e sistematização dos estudos, da relação professor-aluno, das relações aluno-aluno. “Isso requer também um tempo de adaptação. Adaptação esta que nem sempre ocorre, nem todos se adaptam com esse modelo didático-pedagógico”, destaca.

Ela acredita que o sucesso de um curso à distância depende do perfil, objetivos e organização do aluno. Janice pontua que a flexibilidade e autonomia exigem mais “jogo de cintura” que  podem se tornar vilãs, caso o estudante acumule muitas demandas do ensino, em alguns casos de forma irreversível. Apesar disso, a especialista não acredita em uma competição entre os sistemas online  e presencial porque têm públicos diferentes entre si.

“Se a oferta de cursos na modalidade a distância está no esteio da necessária democratização do acesso à educação de qualidade por todos, direito constitucional e ainda distante de ser garantido a grande parte da população brasileira, também é preciso garantir que essa oferta seja de qualidade”, defende.

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Hugo destaca avanço em cirurgias endoscópicas com melhorias e investimentos

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do governo do Estado gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein desde junho deste ano, realizou no final de novembro sua primeira cirurgia endoscópica da coluna vertebral. Essa técnica, agora prioritariamente utilizada nos atendimentos de urgência e emergência, é minimamente invasiva e representa um avanço significativo no tratamento de doenças da coluna vertebral, proporcionando uma recuperação mais rápida e menores riscos de complicações pós-cirúrgicas.

Segundo o coordenador da ortopedia do Hugo, Henrique do Carmo, a realização dessa técnica cirúrgica, frequentemente indicada para casos de hérnia de disco aguda, envolve o uso de um endoscópio. Este equipamento, um tubo fino equipado com uma câmera de alta definição e luz LED, transmite imagens em tempo real para um monitor, iluminando a área cirúrgica para melhor visualização. O tubo guia o endoscópio até a área-alvo, permitindo uma visão clara e detalhada das estruturas da coluna, como discos intervertebrais, ligamentos e nervos.

“Quando iniciamos a gestão da unidade, uma das preocupações da equipe de ortopedia, que é uma especialidade estratégica para nós, foi mapear e viabilizar procedimentos eficazes já realizados em outras unidades geridas pelo Einstein, para garantir um cuidado mais seguro e efetivo dos pacientes”, destaca a diretora médica do hospital, Fabiana Rolla. Essa adoção da técnica endoscópica é um exemplo desse esforço contínuo.

Seis meses de Gestão Einstein

Neste mês, o Hugo completa seis meses sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. Nesse período, a unidade passou por importantes adaptações que visam um atendimento mais seguro e de qualidade para os pacientes. Foram realizados 6,3 mil atendimentos no pronto-socorro, mais de 6 mil internações, mais de 2,5 mil procedimentos cirúrgicos e mais de 900 atendimentos a pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A unidade passou por adequações de infraestrutura, incluindo a reforma do centro cirúrgico com adaptações para mitigar o risco de contaminações, aquisição de novas macas, implantação de novos fluxos para um atendimento mais ágil na emergência, e a reforma da Central de Material e Esterilização (CME) para aprimorar o processo de limpeza dos materiais médico-hospitalares.

Hoje, o Hugo também oferece um cuidado mais humanizado, tanto aos pacientes como aos seus familiares. A unidade implementou um núcleo de experiência do paciente, com uma equipe que circula nos leitos para entender necessidades, esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Além disso, houve mudança no fluxo de visitas, que agora podem ocorrer diariamente, com duração de 1 hora, em vez de a cada três dias com duração de 30 minutos.

Outra iniciativa realizada em prol dos pacientes foi a organização de mutirões de cirurgias, visando reduzir a fila represada de pessoas internadas que aguardavam por determinados procedimentos. Essa ação viabilizou a realização de mais de 32 cirurgias ortopédicas de alta complexidade em um período de dois dias, além de 8 cirurgias de fêmur em pacientes idosos. Todos os pacientes beneficiados pelos mutirões já tiveram alta hospitalar.

Plano de investimentos para 2025

Para o próximo ano, além do que está previsto no plano de investimentos de R$ 100 milhões anunciado pelo Governo de Goiás, serão implantadas outras melhorias de fluxos e processos dentro das atividades assistenciais. Isso inclui processos preventivos de formação de lesões por pressão, otimização de planos terapêuticos, cirurgias de emergência mais resolutivas, e outras ações que visam aprimorar o cuidado dos pacientes.

O hospital também receberá novos equipamentos, como o tomógrafo doado pelo Einstein para melhorar o fluxo de pacientes vítimas de trauma e AVC, e um robô de navegação cirúrgica.

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