O Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), por meio do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgou dados que apontam que entre janeiro e abril deste ano, o desmatamento em Goiás cresceu aproximadamente 99 km². Considerando o território completo do Cerrado, no período, a área desmatada foi a maior dos últimos cinco anos, atingindo 2.133 km², representando um valor cerca de 14,5% maior que o registrado nos mesmos meses de 2022.
Mesmo diante da triste realidade, dias antes do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado anualmente no dia 5 de junho, deputados estaduais aprovaram um projeto de lei que altera as regras para a política florestal e de reservas em Goiás. O documento é de autoria do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (MDB) e de Wilde Cambão (PSD) e prevê a redução de exigências para a manutenção de remanescentes florestais em fazendas.
Apenas no mês de abril, os alertas de desmatamento são 31% maiores este ano, se comparado com 2022. Em nota, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) afirmou que o Deter faz um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração na cobertura vegetal do Cerrado, sendo considerado o principal instrumento de fiscalização e controle do desmatamento e degradação florestal realizado pelos órgãos ambientais.
Segundo a pasta, não é possível assegurar que esses números sejam definitivos devido à alta escala de análise e as nuvens. “Constituem importante ferramenta de planejamento e aprimoramento das ações para combater o desmatamento ilegal nesses biomas. Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima determinou rigorosa apuração dos alertas identificados pelo Deter, a fim de verificar se foram desmatamentos autorizados pelos Estados, visto que compete a eles emitir autorizações de supressão de vegetação nativa. O MMA determinou, ainda, a verificação das bases legais das autorizações emitidas, bem como a ação imediata do Ibama no sentido de autuar e embargar as áreas desmatadas sem autorização”.
Organizações
A WWF-Brasil apontou que o resultado em relação ao Cerrado é considerado alarmante, relembrando que nas últimas décadas o bioma perdeu mais de 50% da cobertura vegetal original. Vale ressaltar que o Cerrado é o principal responsável pela segurança hídrica do país, uma vez que abrange importantes bacias hidrográficas e os maiores reservatórios de abastecimento de água das grandes cidades.
“Só entre janeiro e abril, o Cerrado perdeu 2.133 km². Infelizmente, este número está num contexto de destruição contínua e crescente que já vem ocorrendo há muito tempo. Essa devastação já consumiu metade do bioma que é muito pressionado pelas atividades agrícolas”, afirma Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração de ecossistemas do WWF-Brasil.