Moradores do Espírito Santo tem observado um fenômeno bastante diferente nos céus do Estado nos últimos dias. Um tom mais avermelhado/alaranjado tem sido visto durante o nascer do sol e chamando a atenção dos capixabas. Esse fenômeno não foi visto apenas no Estado ao sudeste do país, mas também por outros do Brasil e tem uma explicação: a erupção de um vulcão em Tonga, no Oceano Pacífico.
A erupção do vulcão submarino Hunga-Tonga-Ha’apai aconteceu no dia 15 de janeiro e devastou o Pacífico, causando a morte de pelo menos cinco pessoas. De acordo com a Nasa, a explosão foi centena vezes mais potente do que a bomba atômica lançada em Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial.
Como a atividade vulcânica foi intensa, partículas de fumaça foram lançadas na estratosfera, camada alta da atmosfera, e transportadas por longas distâncias. Foram percorridos mais de 13 mil quilômetros até que chegasse ao Brasil.
Isso levou à coloração diferenciada que tem sido observada no céu do Espírito Santo, como explica a professora e pesquisadora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) Marcia Yamaso à Agência Brasil.
”As imagens de satélite mostraram quando a pluma [que consiste em cinza vulcânica] chegou e tem um pesquisador do Ipem (Instituto de Pesos e Medidas) que tem uma instrumentação e identificou claramente a chegada dessa pluma no dia 26 de janeiro, por volta das 4h da manhã”, disse ela.
Segundo o MetSul Meterologia, as cores muito vibrantes do céu no Espírito Santo coincidiram justamente com o período em que a pluma vulcânica estava no litoral do Brasil, com maior densidade na costa mais ao Norte da Região Sudeste, pelas imagens do satélite.
E esta não é a primeira vez que uma pluma vulcânica alcança o Brasil, mas os episódios anteriores foram documentados de vulcões da região dos Andes, como o Lascar (1993) e o Puyehue-Cordón Caulle (2011) com impactos mais no sul do Brasil.
Apesar de serem resultados de uma erupção, os gases não trazem riscos para a população brasileira, segundo a pesquisadora Marcia Yamaso.
”Essa pluma vai circulando, até ela se depositar. Mas acredito que quando ela voltar, ela já vai estar bem mais diluída”, concluiu Marcia.