Charreteiro planejou sair de grupos de corrida após acidente: investigações mostram planejamento pós crime

charreteiro-planejou-sair-de-grupos-de-corrida-apos-acidente3A-investigacoes-mostram-planejamento-pos-crime

Charreteiro planejou sair de grupos de corrida após acidente com morte

Segundo inquérito policial, o homem combinou com a esposa de sair dos grupos relacionados à corridas de charrete de cavalos após o crime

São Paulo — Uma troca de mensagens entre Rudney Gomes Rodrigues, condutor de uma charrete que atropelou e matou Thalita Danielle Hoshino, de 38 anos, e a esposa dele, Karina Santos Ribeiro, mostra que o casal combinou de sair de “todos os grupos” e mudar as fotos e os nomes de perfis que administravam nas redes sociais dois dias após o crime.

Segundo o inquérito policial obtido pelo DE, a Polícia Civil acredita que os grupos citados pelo casal são relacionados à prática de corridas. Além disso, as investigações apontam que tanto Rudney quanto Karina apagaram arquivos dos respectivos celulares no dia seguinte ao acidente que vitimou Thalita, em 23 de março, em uma praia de Itanhaém, litoral sul de DE.

A Polícia Civil teve acesso à conversa entre o casal realizada dois dias depois do atropelamento. Em um dos áudios, Rudney diz para a esposa “sair dos grupos tudo”.

Ouça:

Em outro áudio, Karina diz para o companheiro tirar a foto e o nome do perfil do aplicativo de mensagens em que estão conversando. Rudney afirma que já tirou e conta que o “doutor” já havia lhe recomendado, visto que o número do advogado tinha sido vazado e que isso poderia acontecer com o suspeito.

Durante a conversa, Karina cita o nome Eder, dizendo que o homem ainda não mandou mensagem. Um segundo nome é proferido e remete a Helarico, sobrenome de Fabiano. Ambos os citados fazem parte dos investigados. Eder Manoel é apontado pela polícia como o responsável pela guarda e treinamento dos animais. Ele levou oito cavalos naquele dia para que Rudney, Fabiano e “Argentino” (terceiro investigado) saíssem juntos.

Fabiano Helarico é apontado como o segundo homem participante da corrida.

EVIDÊNCIAS DE CORRIDA

Uma testemunha contou às autoridades que chegou no local do atropelamento por último e que ajudou o pai a preparar uma das charretes envolvida no ocorrido. O depoimento, ela apresentou à polícia a informação de que Fabiano e Rudney estavam “testando seus animais, pois haveria uma corrida no dia 6 de abril, a qual foi cancelada em virtude do acidente.

Apesar disso, todos os investigados negam a existência de alguma corrida. Desde o começo, Rudney afirma que estava passeando com a família pela faixa de areia e que estava conhecendo a égua no momento do atropelamento.

PRISÃO

Rudney foi preso no último sábado (29/3), seis dias após o ocorrido, depois de ser localizado por policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) em uma casa na Vila Mirim, em Praia Grande. Na ação policial, os agentes encontraram o cavalo e a charrete no bairro Ribeirópolis, no mesmo município. O suspeito foi encaminhado à Cadeia Pública. Em depoimento prestado na última segunda-feira (1°/4), Rudney contou às autoridades que estava conhecendo a égua que conduzia na charrete no momento do atropelamento. O suspeito foi preso temporariamente, mas a polícia pediu a conversão em prisão preventiva na tarde desta segunda-feira (7/4)

MORTE DE CICLISTA

Thalita foi atropelada por volta das 11h45 do último dia 23 de março, enquanto passeava de bicicleta junto a uma amiga pela faixa de areia de uma praia de Itanhaém.

A charrete envolvida no atropelamento era conduzida por Rudney. Ele foi o autor do primeiro boletim de ocorrência (B.O.). No documento, o condutor disse que passava pela faixa de areia da praia quando viu uma pessoa à esquerda e desviou. Foi nesse momento que a ciclista, que vinha pelo lado direito, teria cruzado na frente da charrete, “ocasionando uma colisão frontal”.

Rudney contou ainda que seguiu por cerca de 100 metros adiante para prender o cavalo. A esposa dele teria prestado socorro à vítima. O atropelador voltou ao lugar do acidente e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Thalita foi socorrida, mas morreu dois dias depois.

Em boletim de ocorrência registrado posteriormente pela amiga que acompanhava a vítima, a testemunha contou que viu dois carros e duas charretes em alta velocidade. Ela afirma que tentou avisar Thalita sobre a vinda dos veículos, enquanto desviava o próprio caminho, porém, escutou um som alto de batida na sequência.

Segundo o documento, a amiga contou que, na sequência, avistou Thalita caída no chão com “hemorragia no crânio” e a bicicleta retorcida, com o pneu estourado. A mulher conta que os envolvidos na corrida retornaram ao local para prestar socorro e que fizeram questão de colocar a vítima no carro e lavá-la para a UPA de Itanhaém, já que a ciclista “corria risco de vida”.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso é investigado como homicídio por meio de inquérito policial e as investigações analisam imagens, realizam oitivas de testemunhas e “demais diligências” para esclarecer o ocorrido.

FAIXA DE AREIA

Um dia antes da prisão de Rudney, a Prefeitura de Itanhém instalou uma faixa de areia com pedras para impedir a passagem de veículos e charretes dentro dos limites de Itanhaém.

“A Administração Municipal está analisando mudanças na legislação municipal para endurecer as penalidades contra práticas irregulares nas praias da cidade”, disse a administração municipal.

Ainda de acordo com o órgão, uma reunião conjunta entre representantes das prefeituras de Itanhaém e de Peruíbe, além das polícias Militar e Civil, aconteceu na última segunda-feira (1°/4) para tratar da fiscalização do local.

As prefeituras de Itanhaém e Peruíbe, cidades do litoral sul de São Paulo, entraram em acordo para adotar medidas em conjunto com o objetivo de evitar corridas de charretes na faixa de areia das praias de ambas as cidades. Haverá a instalação de câmeras de monitoramento e ações de patrulhamento preventivo.

Fique por dentro do que acontece em São Paulo. Siga o perfil do DE SP no Instagram.

Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre São Paulo por meio do WhatsApp do DE SP.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp