Chefe de investigadores movimenta R$ 81 milhões em tráfico, revela denúncia

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Bando de investigador movimentou R$ 81 milhões em negócios do tráfico

Chefe dos investigadores de DP no centro de SP, preso após investigação do Ministério Público paulista (MPSP), chefiava bando de traficantes que faturou R$ 81 milhões

DE – O investigador-chefe do 77º DP (Santa Cecília), delegacia situada nas proximidades do centro de São Paulo, é acusado pelo Ministério Público paulista (DE) e pela Corregedoria da Polícia Civil comandar um bando criminoso que movimentou R$ 81 milhões. E, somando-se a movimentação de outros suspeitos ligados a ele, o valor cresce ainda mais e chega a R$ 123 milhões segundo a investigação.

Gimenez, é classificado como “um traficante internacional infiltrado na Polícia Civil”, conforme consta em trecho da denúncia, recebida pelo Metrópoles, é apontado como líder de uma quadrilha envolvida com o desvio e venda de cargas de cocaína e maconha. No documento, ele é também mencionado que o policial foi investigado “várias vezes”. Porém, “sempre conseguia uma maneira de se safar”.

Desde 2021, a Corregedoria acompanha as ações do policial e de outros membros da instituição ligados a ele, além de familiares e parceiros de crime do agente. Com base nas investigações do órgão fiscalizador, reforçadas por denúncia do MPSP, um esquema sofisticado de desvio de cargas milionárias de drogas foi esmiuçado, o qual usava a estrutura da Polícia Civil para ser executado.

DE – A denúncia anexada a documento do MPSP explica como o chefe de investigação, cujo salário líquido na polícia é de R$ 8 mil, mantinha o negócio de drogas — com o qual movimentou R$ 81 milhões, somente por uma de suas empresas, durante cinco anos. O registro da Promotoria mostra que Cléber Rodrigues Gimenez contava com um “comprador” de drogas, de origem colombiana, que negociava cargas de cocaína e maconha oriundas de outros estados. Um local para a entrega da encomenda ilegal era combinado, em São Paulo. Então, “gansos” ligados ao investigador-chefe passavam-se por policiais e apreendiam as cargas.

“Gansos” são pessoas utilizadas há décadas por policiais civis como informante, mas que também ajudam agentes corruptos na prática de crimes, além de servir como agentes duplos, repassando informações sobre criminosos para equipes de investigação – que, muitas vezes, se valem disso para extorquir quadrilhas. O chefe de investigações também contava com uma rede de contatos, em outros estados, como o Mato Grosso do Sul, os quais detalhavam as características dos veículos com as cargas, além dos locais por onde trafegariam com a droga.

GALPÃO NO BOM RETIRO

A denúncia reproduzida pelo MPSP segue explicando que, após ser “apreendida” pelos gansos, a droga era levada para um galpão pertencente ao investigador-chefe, na região do Bom Retiro, centro paulistano. No local, a carga — geralmente cocaína — tinha a mesma quantidade da apreensão substituída por talco, gesso ou algum pó branco. A falsa droga, então, era encaminhada até uma delegacia do centro paulistano, para que o flagrante de tráfico fosse registrado em um boletim de ocorrência (B.O.), por policiais de plantão, os quais recebiam, cada um, R$ 30 mil. Para garantir o sucesso do esquema, um perito criminal do Instituto de Criminalística, ligado à quadrilha, fazia laudos falsos, constatando que a carga apresentada era de drogas.

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