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O chefe do tráfico no Complexo do Alemão, Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor, foi encontrado morto neste domingo. Acusado de expandir sua influência para além das fronteiras do Rio de Janeiro, Fhillip era apontado pela Polícia Federal como um dos principais compradores de armas do país. Uma denúncia do Ministério Público Federal revelou que ele mantinha contato direto com vendedores paraguaios ligados à empresa International Auto Supply (IAS-PY), que operava com apoio de militares da Dimabel, órgão responsável pela fiscalização de armamentos no Paraguai. As armas compradas por Fhillip, como as pistolas HS Produkt e fuzis LA-15, eram distribuídas para o Comando Vermelho no Rio de Janeiro.
As investigações da Polícia Federal revelaram que entre 2020 e 2023, Fhillip negociava diretamente com os vendedores paraguaios e os valores das remessas de armas chegavam a US$ 80 mil. O conteúdo das mensagens trocadas incluía informações sobre armas como fuzis LA-15, pistolas HS Produkt de origem croata, e carregadores especiais. Em uma negociação de julho de 2021, um fuzil foi vendido por US$ 3.900, com cobrança adicional de US$ 300 pelo “serviço de limpeza”, que consistia na adulteração do número de série. Além disso, as transações envolviam empresas de fachada, como a DDM Aviação Ltda. e a DDM Escola de Aviação Civil Ltda., usadas para lavagem de dinheiro do tráfico.
A organização criminosa internacional liderada por Diego Hernán Dirisio, argentino foragido, contava com uma rede de colaboradores. Entre eles estavam Maria Mercedes Ocampos Centurión, Eliane Magali Marengo Subeldia, Angel Antonio Flecha Barrios e Manuel Antonio Gómez Ojeda. No Brasil, além de Fhillip, atuavam Allan David Omena da Rocha, conhecido como Bolt, Ricardo Rangel da Silva, também chamado de Sem Cabelo ou Rica Rio, entre outros. O grupo utilizava diversas estratégias para dissimular a origem dos pagamentos, incluindo empresas nos EUA e no Brasil, e contava com doleiros e operadores financeiros.
Uma importante apreensão em Vitória da Conquista, na Bahia, em novembro de 2020, revelou a presença da organização criminosa no estado. A Polícia Rodoviária Federal encontrou pistolas, fuzis e carregadores em um veículo vindo do Paraguai. As armas, com numeração raspada, seriam entregues a traficantes no Sudeste do Brasil. Além disso, a quadrilha utilizava empresas de fachada nos EUA e no Brasil para dificultar o rastreamento dos pagamentos. A atuação de Fhillip como comprador de armas começou em 2020 e as transações eram realizadas com criminosos do Rio de Janeiro.
Diante dos recentes acontecimentos envolvendo o chefe do tráfico no Complexo do Alemão, a Polícia Federal continua investigando a rede de compradores e fornecedores de armas ilegais no país. A atuação do Professor, como era conhecido, demonstra a complexidade e o alcance do crime organizado, que se estende para além das fronteiras nacionais. A apreensão de armas e a descoberta de esquemas de lavagem de dinheiro reforçam a necessidade de um trabalho conjunto das autoridades para combater o tráfico de armas e a criminalidade no Brasil.