Até comparsas eram proibidos de entrar armados na casa de Doca, chefe do CV, revela investigação
Mensagem interceptada mostra cuidado de traficantes para que chefe da facção criminosa, que escapou de megaoperação, não seja encontrado ou morto. Denúncia que levou aos pedidos de prisão de integrantes do Comando Vermelho mostra que cúpula define escala de seguranças.
Por que Doca é um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro
Documentos que embasaram a megaoperação desta terça-feira (28) no Rio mostram que o Comando Vermelho adota uma série de medidas para impedir que Edgar Alves de Andrade, o Doca — apontado como um dos chefes da facção — seja preso ou morto.
Entre as regras internas impostas pelos próprios criminosos está a proibição de entrada de homens armados na casa onde ele se esconde.
A DE teve acesso a documentos que detalham a investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) que fundamentaram a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e motivaram a operação nos complexos do Alemão e da Penha.
CÍRCULO RESTRITO E CONTROLE RÍGIDO
As mensagens interceptadas pelos investigadores mostram que somente um grupo seleto de traficantes de confiança tem acesso a Doca. O monitoramento aponta que, ao lado dele, atua Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala, que divide o comando do tráfico na região.
De acordo com a denúncia, Carlos da Costa Neves, o Gardenal, é o gerente-geral do tráfico no Complexo da Penha e responsável pela expansão da facção na Grande Jacarepaguá. Ele também seria o encarregado de definir a escala de criminosos que fazem a segurança da casa de Doca e controlar quem entra e sai do imóvel.
Em mensagens utilizadas como prova, Gardenal diz claramente que ninguém deve entrar armado na casa do chefe, nem os próprios traficantes.
SÍNDICO REPASSA ORDENS E DEMANDAS
Outro nome citado nas investigações é o de Washington Cesar Braga da Silva, o Grandão ou Síndico da Penha, apontado como gestor operacional do CV na região.
Segundo os investigadores, ele funciona como um “administrador” da rotina operacional da facção: leva demandas ao chefe, repassa normas de conduta e organiza pagamentos dos criminosos.
Doca, Gardenal e Síndico são considerados de alta periculosidade e têm prisão preventiva decretada. Pedro Bala também é procurado e segue foragido.
O Disque Denúncia oferece R$ 100 mil por informações que levem à captura de Doca — valor recorde, igualado apenas ao oferecido em 2000 por Fernandinho Beira-Mar.
 
				



