A China anunciou nesta terça-feira a proibição da exportação de minerais estratégicos como gálio, germânio e antimônio para os Estados Unidos. Esses elementos são amplamente utilizados em aplicações militares e tecnológicas, incluindo semicondutores, armamentos e baterias de veículos elétricos. A medida intensifica as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, ocorrendo um dia após os EUA imporem novas restrições ao setor de semicondutores chinês.
Segundo o Ministério do Comércio Chinês, a decisão foi motivada por preocupações de segurança nacional, citando que esses materiais têm uso duplo — civil e militar. A ordem inclui uma revisão rigorosa de exportações de grafite e entra em vigor imediatamente. “Em princípio, a exportação desses materiais para os Estados Unidos não será permitida”, informou o ministério.
Esses minerais são cruciais para indústrias estratégicas. O gálio e o germânio são usados em semicondutores, fibras ópticas e tecnologias infravermelhas, enquanto o antimônio é empregado na fabricação de munições e equipamentos militares. A China é o principal produtor global desses materiais, sendo responsável por 98,8% do gálio refinado e 59,2% do germânio refinado em 2023, de acordo com a consultoria Project Blue.
A decisão ocorre em um contexto de escalada na guerra comercial entre os dois países, reacendida com a posse iminente de Donald Trump, que prometeu reforçar tarifas contra produtos chineses. Representantes da Casa Branca afirmaram que os EUA avaliarão as novas restrições e tomarão “medidas necessárias” para diversificar suas cadeias de suprimentos e reduzir a dependência da China.
Enquanto isso, empresas norte-americanas e europeias já enfrentam impactos. O preço do antimônio aumentou significativamente, e mineradoras estão sendo incentivadas a acelerar a exploração de depósitos locais. A Perpetua Resources, que desenvolve uma mina de antimônio em Idaho, destacou a importância de fontes minerais domésticas para garantir a segurança econômica e militar dos EUA.
A medida chinesa também é vista como uma resposta direta às restrições impostas por Washington à indústria de semicondutores. Na segunda-feira, os EUA ampliaram sanções a 140 empresas chinesas, incluindo a fabricante de equipamentos Naura Technology Group.
Especialistas alertam que essa troca de sanções poderá ter efeitos prejudiciais para ambos os lados. “É uma guerra comercial sem vencedores”, afirmou Peter Arkell, presidente da Associação Global de Mineração da China. Observadores apontam que a decisão reforça a necessidade de estratégias mais colaborativas para evitar impactos severos nas cadeias globais de suprimentos.