China x EUA: Retaliação beneficia Brasil? Agro em alta, indústria em baixa. Saiba mais!

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Retaliação da China: tarifa contra os EUA beneficia o Brasil? Entenda

Especialistas analisam que agro brasileiro deve ser favorecido, enquanto
indústria local tem cenário mais desafiador

A retaliação da China aos Estados Unidos DE
anunciada nesta sexta-feira (4), com a imposição de tarifas recíprocas de 34%,
pode trazer efeitos indiretos ao Brasil no comércio internacional. Entre as
possibilidades, o cenário mais provável é que o agronegócio brasileiro seja
beneficiado, segundo especialistas consultados pela CNN.

Caso a China adote, de fato, tarifas de importação elevadas e duradouras sobre
produtos americanos, o Brasil acaba sendo um caminho natural para a compra de
alguns itens, especialmente os agrícolas, de acordo com os analistas.

“O Brasil ‘disputa’ com os EUA o mercado global de alguns produtos, que podem
ser favorecidos diante da migração de parte da demanda chinesa que antes era
suprida pelos americanos. Neste cenário, somos beneficiados em termos de volume,
não de preço”, explicou Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro.

O economista destacou que a exportação brasileira de carne bovina e algodão à
China podem ser ampliadas com o aumento da tarifa de importação do país asiático
ao governo de Donald Trump.

O efeito indireto ao Brasil da retaliação chinesa e da escalada da guerra
comercial não é uma novidade para o Brasil.

Segundo Roberto Dumas, professor de economia do Insper, as exportações
brasileiras passaram por uma alta durante a primeira passagem do republicano à
Casa Branca.

“Se acompanharmos o que aconteceu no primeiro mandato do Trump, é possível que
commodities e petróleo saiam beneficiados. Na época, a China passou a comprar um
pouco menos desses itens dos EUA e um pouco mais do Brasil, o que aumentou nosso
volume de exportação”, destacou o professor.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, também coloca a soja entre
os produtos do agro que podem surfar na onda de suprir a necessidade da demanda
chinesa.

“A China tem um grande rebanho que precisa ser alimentado com grãos e compra
soja americana e brasileira para isso. Em um ano de safra recorde no Brasil,
podemos nos beneficiar dessa tangente”, pontuou.

Roberto Dumas disse que não acredita que os Estados Unidos vão permitir a perda
de muitos mercados com as tarifas recíprocas, tampouco que as nações consigam
burlar as medidas por meio da terceirização de suas produções.

“Trump foi diligente em não cometer o mesmo erro do seu governo anterior ao
aumentar as tarifas só sobre os produtos chineses, pois a China passou a
produzir no Vietnã, Camboja e outros. Agora, aumentou as tarifas para todas as
cadeias de suprimento próximas para não haver essa triangulação na produção que
escape da sua política tarifária”, pontuou.

Neste ponto, Serigati destacou que o Brasil leva vantagem por já ser um parceiro
comercial da China, mas que ainda não tem os canais de comercialização
estabelecidos com outros países asiáticos.

EFEITOS NEGATIVOS

Pelo lado negativo, os especialistas destacaram que a indústria doméstica deve
ser prejudicada com o tarifaço de Trump e os desdobramentos a partir da
retaliação da China.

“Com as tarifas americanas sobre produtos da indústria, como carros elétricos,
por exemplo, a China passa a ir com ‘agressividade’ a outros mercados emergentes
e tende a impactar a produção industrial nesses países”, declarou Serigati.

Dumas ressaltou ainda a taxação de 25% sobre carros importados, cujo impacto
também deve ser sentido.

“Por mais que não sejamos um exportador de veículos aos Estados Unidos, as
autopeças também passarão pelas tarias adicionais, e nós exportamos motores”,
destacou.

Outro fator negativo que pesa contra a economia brasileira é o câmbio, na visão
dos analistas. A expectativa de alta da inflação americana por conta das tarifas
de Trump deve manter os juros em patamares elevados por mais tempo, o que deixa
o dólar mais atrativo e desvaloriza o real.

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