Choro de Cássio e recusa de Tite: início do Brasileirão reabre debate sobre saúde mental no futebol
Semana da sexta rodada da competição é marcada por posicionamentos e alertas sobre críticas exacerbadas direcionadas aos jogadores
Cássio chora após bom jogo pelo Cruzeiro e desabafa sobre críticas: “O ser humano está ficando doente”
O choro de Cássio após a vitória do Corinthians sobre o Vasco e a recusa de Tite ao convite para treinar o Corinthians reabriram a discussão sobre saúde mental no futebol brasileiro. Uma discussão que ganhou força em abril, mês que marcou o início de duas das grandes competições da temporada para os principais times do Brasil: a Libertadores e o Brasileirão – e, junto com elas, a pressão por desempenho e entrega de resultados imediatos.
Ex-treinador do Flamengo e da Seleção, Tite foi o personagem principal do retorno do tema ao debate e às manchetes. O técnico alegou problemas de saúde mental, além de questões físicas, para recusar a proposta de assumir o cargo no Corinthians, na semana passada.
Praticamente acertado para retornar ao Corinthians, Tite sofreu uma crise de ansiedade na última segunda-feira (21). Após o incidente, o técnico concluiu que não estava em condições de voltar a trabalhar neste momento. Em nota oficial, o treinador afirmou que conversou com a família e decidiu interromper a carreira por tempo indeterminado para cuidar de questões de saúde mental e física, sem dar maiores detalhes.
‘Entendi que existem momentos em que é preciso compreender que, como ser humano, posso ser vulnerável e admitir isso certamente irá me tornar mais forte’, escreveu o treinador, em um trecho da nota.
Comandado por Tite entre 2016 e 2022, na Seleção, o zagueiro Danilo se solidarizou com a situação do treinador. Na última sexta-feira (25), o defensor do Flamengo revelou que já atravessou problemas de saúde mental e pediu um debate mais amplo sobre a saúde mental no futebol, começando pelas categorias de base.
Emocionado, Cássio chora após vitória do Cruzeiro contra o Vasco. O veterano explicou o choro e fez um forte desabafo sobre as críticas que vem sofrendo por atuações recentes.
‘A gente é ser humano, erramos e acertamos. Nunca fui de me omitir sobre as coisas, mas a gente vive momentos em que as pessoas se preocupam mais em dar pedradas, tentar humilhar as pessoas. Vamos ficar doentes, o ser humano está ficando doente.’
Na sequência, Cássio ressaltou a importância de pensar sobre a saúde mental dos jogadores.
Muitas vezes falam sobre os altos salários para minimizar problemas de saúde mental. Se fosse assim, as pessoas bem-sucedidas não morreriam e nem teriam problemas. A crítica faz parte, elas me fizeram evoluir como pessoa e como atleta, mas estamos passando dos limites. Estamos preocupados em que dê algo errado, mais do que torcendo que as coisas deem certo, para humilhar as pessoas. Que a gente possa dar mais uma resposta positiva.
A rodada deste domingo de Brasileirão também teve outra fala sobre o tema. Desta vez, Filipe Luís alertou sobre o cuidado com as cobranças externas no futebol. Depois da goleada do Flamengo por 4 a 0 contra o Corinthians, no Maracanã, o treinador externou sua opinião sobre alguns comentários em respeito aos jogadores do Rubro-Negro nas redes sociais. Não vamos fazer gol todos os jogos, é evidente. Mas eu conheço o Flamengo. Quando não fazemos gols, como o Vasco, a torcida ou analistas de Youtube começam a achar um culpado.