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Cidade de Goiás, antiga capital do Estado, carrega história em cada canto e ruas de pedras

Última atualização 26/04/2022 | 16:59

Os becos e ruas de pedra do centro histórico da Cidade de Goiás guardam ‘causos’ que hoje são descritas em livros de História ou nos de poesia de Cora Coralina, nas paisagens em areia colorida da artista plástica Goiandira do Couto, nas canções que descrevem o cenário bucólico da cidade, nos doces e empadões típicos da culinária local.

Quem visita a cidade, seja durante a Procissão do Fogaréu, na Semana Santa, seja no Carnaval de marchinhas ou durante o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, o Fica, se encanta com as coisas simples e belas da cidade cercada pela Serra Dourada. Chupar o picolé de cajazinho com sal no Coreto da praça ou com as águas calmas do Rio Vermelho, que corta a cidade.

Distante 148 quilômetros de Goiânia, a Cidade de Goiás surgiu no século XVII, no auge da exploração aurífera no Brasil pelos bandeirantes que queriam ampliar suas minas de Minas Gerais e do Mato Grosso  para dentro do território goiano. A bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva se apropriou as minas de ouro dos índios goyazes, extintos neste período, dando origem ao Arraial de Sant’Anna, em 1729.

Ponte sobre o Rio Vermelho. (Foto: Reprodução)

Em 1736, elevada à condição de vila administrativa, teve seu nome mudado para Vila Boa de Goyaz, ligada à Capitania de São Paulo. Somente em 1748, com a criação da Capitania de Goiás que teria seu primeiro governador, dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos – quem manda construir os primeiros prédios da cidade.

O final da exploração de ouro se deu no século seguinte, quando houve redução da população local e a economia passou a ser comandada pela agropecuária. Contudo, continuou sendo o centro de manifestações populares e artísticas na região, com sarais, artes plásticas, literatura, arte culinária, cerâmica e a Procissão do Fogaréu.

Foi a capital do estado até a transferência para Goiânia nos anos 1934 do século XX, ação coordenada pelo interventor Pedro Ludovico Teixeira. Foi exatamente esta mudança que historiadores creditam o fato da arquitetura colonial exclusiva da cidade ter sido tão bem preservada e que rendeu à cidade, em 2001, o título de Patrimônio Histórico e Cultural Mundial pela Unesco, por sua arquitetura barroca, pela natureza exuberante que a circunda e pelas tradições seculares que preserva.

A cidade de Goiás é cortada pelo Rio Vermelho, cercada pela Serra Dourada e pelos morros de São Francisco, Canta Galo e das Lages. A vegetação típica é a de Cerrado e tem áreas de preservação com cachoeiras e riachos como o Parque da Carioca, APA da Serra Dourada, APA da Cidade de Goiás, ARIE Águas de São João e Reserva Biológica da UFG. A cidade conta hoje com aproximadamente 25 mil habitantes e completa 294 anos em 25 de julho.

Cultura

A 23ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) acontece entre os dias 24 maio e 5 de junho. Com investimento de R$ 5 milhões, o Fica 2022 é promovido pelo governo de Goiás, via Secretaria de Estado de Cultura (Secult), em coparceria com o Sesc, e apoio das secretarias estadual de Meio Ambiente (Semad) e Desenvolvimento Sustentável, e apoio da Universidade Estadual de Goiás – UEG (unidades Goiânia e Cora Coralina.

Referência nacional e internacional e um dos mais importantes projetos de cinema promovidos pelo governo de Goiás, o Fica tem como foco o meio ambiente, premiando obras em vídeo e película, numa grande amostragem do cinema que descreve uma trajetória de êxito que se materializa pelo crescente número de países participantes. A programação do evento reúne mostras competitivas e paralelas de filmes, e uma enriquecedora troca de experiência por meio de debates e oficinas.

Além de aquecer o turismo e a economia local, o festival gera uma série de atividades, agregando produtores, realizadores e divulgadores do cinema ecológico, além de valorizar os artistas locais, que desde a última edição do festival contam com uma mostra dedicada exclusivamente a eles. Para esse ano, o diferencial é o roteiro de atrações que será bem maior do que o habitual, com 13 dias de realizações na histórica Vila Boa.

Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Foto: Reprodução)

 

Até sua última edição, era o maior festival cinematográfico sobre o meio ambiente. Em seu primeiro ano de realização, 1999 o FICA aconteceu entre 2 e 6 de junho. Teve 154 obras inscritos, de 17 países. Dessas, foram selecionadas 37 produções (4 Longas-metragens, 12 Médias-metragens e 21 Curtas-metragens), de 12 países: Argentina, Áustria, Brasil, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Moçambique, Portugal e Venezuela. Na participação brasileira, foram selecionadas 17 obras de 8 Estados: Brasília, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.

Em 2019, devido a falta de recursos e ao não-pagamento das despesas da edição de 2018, o Governo Estadual optou por não realizar o festival, pondo fim aos seus 20 anos de história. Frente a essa decisão, a comunidade vilaboense mobilizou-se e inaugurou de forma independente o Festival Goyaz. O Fica, contudo, por sua importância, foi retomado este ano e está com as inscrições abertas desde quinta-feira, 7, com o tema “Meio Ambiente e Saúde: Onde estamos e para onde vamos”.

As inscrições de filmes de temática ambiental para a mostra competitiva oficial, mostra goiana, videoclipes e Becos da Minha Terra (para realizadores vilaboenses), assim como a dos júris poderão ser feitas até o dia 25 de abril, pelo site do festival, no endereço www.fica.go.gov.br, portal onde estão disponíveis os regulamentos.

Procissão do Fogaréu

Uma das manifestações religiosas mais belas que acontecem na Cidade de Goiás anualmente é a Procissão do Fogaréu, que começa à meia noite da quarta-feira da Semana Santa, com as encenações sobre a Paixão de Cristo. Homens encapuzados com vestes coloridas, chamados de farricocos, carregam tochas acesas entre as ruas escuras da cidade, representando a busca dos soldados romanos a Jesus Cristo, preso e crucificado ao final. Na quinta e sexta-feira são representados a cerimônia de Lava-Pés e a Paixão de Cristo, respectivamente.

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Cidade de Goiás (GO) – Conhecidos como Farricocos, devotos participam da procissão do fogaréu na cidade de Goiás. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

 

Museus

Para conhecer melhor a história, cinco museus oferecem visitas guiadas regularmente:

Museu das Bandeiras: funcionando na antiga Casa de Câmara e Cadeia, tem acervo com peças e mobiliário do século XVIII.

Palácio Conde dos Arcos: tem acervo com obras do século XVIII, utensílios domésticos, pertences, artes decorativas e mobiliário dos antigos governantes.

Museu de Arte Sacra da Igreja da Boa Morte: tem o maior acervo do escultor barroco Veiga Vale, nascido em Pirenópolis, reunindo mais de 100 peças, e também coleções de prataria. A igreja foi construída em 1779.
Casa de Cora Coralina: museu permanente com objetos pessoais da poetisa de mesmo nome.

Museu da Polícia Militar: Museu permanente criado em 2007 com acervo de uniformes; instrumentos musicais; equipamentos de comunicações; móveis, objetos e equipamentos diversos; viaturas policiais; documentos históricos; fotos de unidades policiais. Funciona em prédio histórico junto ao 6º BPM e 4º CRPM.

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