Em um cenário onde a representação feminina em cargos públicos é cada vez mais debatida, uma cidade no estado de Goiás chama a atenção por uma razão peculiar: há mais de 20 anos, não há mulheres eleitas para os cargos de prefeito, vice-prefeito ou vereadora.
A cidade em questão é Cabeceiras, emancipada em 1958. Dados apontam que o município nunca teve uma mulher no comando da prefeitura ou na câmara de vereadores nos últimos 20 anos. A última e única vereadora da cidade foi Sebastiana Pereira Cordeiro, uma parteira que assumiu o cargo de vereadora em 1996 com 148 votos. Em 2000, ela buscou a reeleição, mas teve oito votos a menos e não foi eleita.
Em 2016, uma sobrinha da vereadora, Mária Ceará, chegou a concorrer uma das nove cadeiras na Câmara de Vereadora, mas conseguiu 163 votos e não repetiu o ato feito pela tia. A candidata foi uma das 11 mulheres em uma eleição com 35 homens candidatos ao cargo de vereador.
Maria Ceará se candidatou novamente em 2020, mas teve o registro invalidado pela Justiça Eleitoral sob justificação de “partido invalidado”. Ela disputaria a eleição pelo DEM (atual União Brasil).
Neste ano, o TSE registrou 58 candidaturas para vereadores, sendo 16 delas mulheres. A mulher mais votada foi Cleide Alencar da Saúde (PDT), de 57 anos, que conseguiu 279 votos e foi eleita como suplente. O partido dela elegeu três homens para a Câmara de Vereadores.
Ausência de mulheres
A ausência de mulheres em cargos públicos pode ter várias implicações, incluindo uma representação desequilibrada das necessidades e perspectivas da população feminina. Isso pode levar a políticas que não atendem plenamente às demandas das mulheres, afetando áreas como saúde, educação e segurança.
A falta de diversidade na representação política pode resultar em uma falta de inclusão de diferentes vozes e perspectivas. Isso não apenas limita a capacidade do governo de responder às necessidades de todos os cidadãos, mas também desencoraja outras mulheres a se envolverem na política, perpetuando o ciclo de exclusão.
O impacto da ausência de mulheres em cargos públicos se estende além da esfera política, afetando a sociedade como um todo. Uma representação mais equilibrada poderia levar a decisões mais inclusivas e justas, beneficiando a comunidade de maneira mais ampla.