Cientistas identificam buraco negro tentando engolir estrela
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts encontraram raios-X de
uma estrela que está oscilando na borda de um buraco negro
Astrônomos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) detectaram flashes
de raios-X vindos de um buraco negro supermassivo que está engolindo uma estrela, mas que aparentemente não consegue sugá-la por completo.
O fenômeno, que nunca havia sido observado na prática, começou com flashes
radioativos quase imperceptíveis que aconteciam a cada 18 minutos. Agora, as
emissões estão acontecendo a cada sete minutos, uma grande aceleração em apenas
dois anos desde que a estrela devorada foi descoberta.
O comportamento sugere que a estrela de tamanho levemente menor que o Sol se
aproxima cada vez mais de um buraco negro supermassivo, mas que não ingressou
inteiramente nele. O buraco negro em questão é o 1ES 1927+654, que tem
aproximadamente a massa de um milhão de sóis e fica em uma galáxia que está a
270 milhões de anos-luz de distância.
Um buraco negro supermassivo
Buracos negros supermassivos são regiões do espaço onde a gravidade é tão
intensa que nada pode escapar. Esses objetos residem tipicamente no centro de galáxias (é o que faz com que elas tenham aparência de hélices).
Os buracos negros atraem a matéria em suas proximidades, formando discos que emitem radiações intensas, conforme a que foi captada pelo MIT.
A coroa de plasma (fronteira entre a luz e a escuridão do objeto celeste) tem
desaparecido e reaparecido seguidamente e em flashes, um padrão jamais registrado
antes. Os astrônomos estimam que eles são causados por uma estrela branca anã
que está sendo engolida pelo buraco negro.
No caso do 1ES 1927+654, a proximidade extrema entre a anã branca e o buraco negro desafia modelos astrofísicos. Enquanto ele exerce enorme atração
gravitacional, a anã branca parece resistir à queda definitiva.
Análises de raio X mostram como estrela e buraco negro estão interagindo em flashes.
Impacto nos estudos de buracos negros
Erin Kara, professora associada de física no MIT, explica que em momentos de
muita interação entre estrela e buraco negro, eles se tornam os emissores de
raio-X mais brilhantes no céu da Terra.
Os flashes de raios-X são um indicador de eventos de alta energia nas regiões
mais internas do buraco negro. Nessas áreas, o plasma se move a velocidades
extremas, emitindo a radiação na fronteira.
A estrela anã branca estaria equilibrando-se em uma dança gravitacional,
derramando parte de sua massa no buraco negro sem ultrapassar o ponto de não
retorno.
Esse tipo de interação é extremamente rara e nos ajuda a entender como
objetos compactos sobrevivem em ambientes extremos. Esse buraco negro tem
muito a nos ensinar, e o próximo passo é manter os olhos abertos para o
inesperado, conclui Megan.