Última atualização 03/10/2023 | 09:55
O laudo da morte da jovem de 27 anos que morreu após uma cigana lhe contar que teria poucos dias de vida e ter dado a ela um bombom foi concluída como envenenamento. Um exame realizado na última semana concluiu que Fernanda Silva Valoz de Cruz Pinto, de Maceió, Alagoas, ingeriu uma quantidade elevada das substância sulfotep e terbufós no organismo da vítima, agrotóxicos altamente perigosos à saúde.
O Sulfotep é um pesticida utilizado em estufas como agente fumigante e faz parte da categoria de produtos químicos conhecidos como organofosforados, que representam uma das maiores ameaças à saúde humana entre os agrotóxicos. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), esses compostos são os principais responsáveis por casos de intoxicação, começando com sintomas como dores de cabeça e salivação excessiva, podendo evoluir para inconsciência e, em casos extremos, levar à morte.
Já o terbufós é um dos componentes do “chumbinho”, uma substância ilegal usada para exterminar ratos. A compra e venda desse raticida são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, o terbufós é empregado como agrotóxico em cultivos de banana, café, cana-de-açúcar e milho. Conforme indicado na bula do produto, sua intoxicação pode se manifestar por tremores, cãibras, hipertensão arterial, contrações musculares anormais e fraqueza, podendo eventualmente levar à morte devido à parada respiratória.
“Essas substâncias têm grande prevalência nos casos de envenenamento e intoxicação no Brasil pelo seu fácil acesso, apesar de serem reguladas pelo Ministério de Agropecuária, Pecuária e Abastecimento”, explica o chefe do Laboratório de Química e Toxicologia, perito criminal Thalmanny Goulart, responsável pelo exame realizado em Fernanda.
Relembre o caso
Fernanda começou a passar mal no dia 3 de agosto, dia em comeu o suposto bombom envenenado. A família da vítima contou que ela havia ido ao Centro de Maceió pagar uma conta, em seguida, foi abordada por uma mulher que se apresentou como cigana e pediu para ler a mão dela. Na ocasião, a mulher teria “previsto” que a jovem teria “poucos dias de vida” e sugeriu que ela comesse chocolate.
Fernanda foi internada na Santa Casa de Misericórdia apresentando dores estomacais, vômito, sangramento pelo nariz, e salivação excessiva expelida pela boca, mas não resistiu e faleceu na madrugada do dia 4.
“No dia em que tudo aconteceu ela pediu para a prima cuidar da filha dela, enquanto ela ia pagar uma conta. Ao ser abordada, ela contou que a mulher disse que ela teria poucos dias de vida e ganhou o bombom. Ela só veio comer chocolate depois de umas horas, quando já estava em casa, e logo começou a passar mal, foi para o hospital e faleceu”, relatou a tia da vítima, Maria de Lourdes Gomes Barbosa.