Cigarro de cotonete: nova ‘modinha’ pode causar câncer; entenda

A modinha viralizada por vídeos de jovens e adolescentes fumando cigarro de cotonete é mais arriscada do que parece. Nas gravações publicadas no TikTok, os menores queimam a ponta do bastão, que tem algodão, e inalam a fumaça até chegar na haste de plástico. Assim como os demais riscos óbvios do ato de fumar, a “novidade” também pode causar câncer e viciar.

“Sabemos que a queima e a inalação da fumaça gerada pela queima de objetos plásticos libera substâncias sabidamente cancerígenas e que a inalação de fibra de algodão pode causar uma doença pulmonar chamada bissinose”, explica a pneumologista Fernanda Miranda.

A médica diz que ainda não há estudos detalhados para os malefícios de fumar algodão e plástico usadas simultaneamente. Ela diz ser “absolutamente inédito” o uso de um produto destinado para higiene pessoal como cigarro.

De acordo com a Miranda, outros riscos da modinha são  queimaduras na boca, dedos, narinas e pelos nasais. O vício é uma possibilidade mesmo o cotonete não apresentando substâncias como a nicotina presente no tabaco, por isso, a orientação é ficar longe de qualquer tipo de dispositivo parecido.

“Nos cotonetes não há essa substância, porém sabemos que a dependência pode não ser apenas a química e sim a psicológica, em que o indivíduo tem o desejo de fazer uso da substância mesmo sem que não haja substância que causem o vício”, afirma.

A especialista chama atenção para sinais que podem acender o sinal de alerta dos pais ou responsáveis. “Fumar” o cigarro de cotonete pode desencadear crises de rinite, bronquite e piorar a asma, além de causar tosse. “A presença de sintomas respiratórios sem um causador aparente em crianças e jovens devem ser observadas”, reforça Fernanda.

Segundo a psicóloga Lívia Tomás, modinhas trazem a sensação de pertencimento e todo ser humano carrega em si a necessidade de pertencer. Ela lembra que as práticas ou atitudes promovem coesão grupal ao imprimir a sensação de que, juntos, possuem força.

“Todo comportamento diz algo. Tem uma função e um ‘para que’. É necessário verificarmos, em cada caso, esse significado, mas pode ser desde uma necessidade de atenção até uma depressão. Por isso a importância de os pais estarem conectados com seus filhos”, ressalta.

A profissional destaca ser necessário conversar e observar frequentemente os filhos. No entanto, Lívia orienta que o diálogo seja pautado no desejo explícito dos responsáveis de entender o comportamento, o que exige postura de interesse e respeito pelo que acontece na vida das crianças e adolescentes.

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