Cingapura anuncia execução da primeira mulher em duas décadas

Uma execução em Cingapura chocou o mundo ao se tornar a primeira de uma mulher em quase 20 anos. Saridewi Djamani, de 45 anos, foi condenada à pena de morte em 2018 por tráfico de aproximadamente 30g de heroína. Na manhã da última sexta-feira, 28, o Bureau Central de Narcóticos executou Saridewi, segundo informação do jornal britânico The Guardian.

Este seria o primeiro caso de execução feminina desde 2004, quando uma cabeleireira de 36 anos chamada Yen May Woen foi enforcada por tráfico de drogas, conforme relatos do grupo local de direitos humanos Transformative Justice Collective. O acontecimento gerou indignação entre grupos defensores dos direitos humanos, que pediram uma revisão na política de controle de drogas do estado da cidade.

Em sua defesa, Saridewi alegou que suas declarações à polícia não foram precisas devido a estar sofrendo de abstinência de drogas na época. Entretanto, um juiz do tribunal superior rejeitou essa alegação, constatando que ela estava no máximo enfrentando uma abstinência leve a moderada de metanfetamina durante o período das declarações, o que não teria prejudicado sua capacidade de prestar depoimentos.

A execução de Saridewi é a segunda realizada nesta semana e a 15ª desde a retomada das execuções em março de 2022, após uma pausa de dois anos durante a pandemia. Ativistas relatam que Cingapura tem executado, em média, uma pessoa por mês desde então. Na última quarta-feira, Mohd Aziz bin Hussain, um homem malaio de 56 anos, foi executado por acusações relacionadas a drogas.

Controvérsia

Essa série de execuções tem gerado preocupação em organizações internacionais. A Comissão Global sobre Política de Drogas, a Federação Internacional de Direitos Humanos e a Anistia Internacional instaram o governo de Cingapura a interromper as execuções, argumentando que a pena de morte é uma medida desproporcional e não é uma forma eficaz de prevenir crimes relacionados a drogas.

Uma nova execução prevista para a próxima quinta-feira, onde um ex-motorista de entregas foi condenado em 2019 por tráfico de cerca de 50g de heroína. O governo de Cingapura, no entanto, defende a pena de morte como uma medida necessária para combater o tráfico de drogas e garantir a segurança da cidade. Além disso, afirma que seus processos judiciais são justos e que os prisioneiros têm acesso a advogados durante todo o processo.

Enquanto isso, ativistas também contestam a eficácia dessa medida punitiva e argumentam que ela acaba atingindo os mais vulneráveis e marginalizados da sociedade. Além disso, denunciam que prisioneiros enfrentam dificuldades para acessar advogados e acabam se representando em seus recursos. O Coletivo de Justiça Transformadora defende a reforma do sistema de justiça criminal de Cingapura.

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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