Paciente de 183 kg que passou pela 1ª cirurgia no cérebro em tratamento experimental contra obesidade espera voltar a brincar com a filha: ‘Melhora na saúde’
Cirurgia estimula o cérebro a dar saciedade ao paciente e foi realizada no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), em Goiânia. Ivan pretende voltar à vida rotineira.
1 de 1 Paciente de 183 kg que passou pela 1ª cirurgia no cérebro em tratamento experimental contra obesidade espera voltar a brincar com a filha: ‘Melhora na saúde’ — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Ivan dos Santos Araújo, de 38 anos, que passou por cirurgia no cérebro que é parte do tratamento experimental contra a obesidade, espera voltar a brincar com sua filha. “Expectativa de melhora na saúde”, relatou à TV Anhanguera. Realizada no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), em Goiânia, a cirurgia estimula o cérebro a dar saciedade ao paciente.
O procedimento foi feito no dia 18 de fevereiro. Segundo o hospital, essa foi a primeira cirurgia do projeto e a primeira da América Latina. “Com esse estudo deles, não só eu, vai vir muitos que vão ter esse benefício dessa cirurgia também, vai dar certo”, comemorou.
Ivan pretende reduzir o peso e voltar à vida normal. “Agora é lutar para perder peso bastante, voltar minha vida mais rotineira possível, mais normal”, contou. Ele luta contra a obesidade desde criança e já tentou outros tratamentos, com nutricionistas e endocrinologistas.
PARCERIA COM A UNIVERSIDADE DA PENSILVÂNIA
Com participação de dez profissionais, o procedimento é resultado de uma parceria entre o HC-UFG e a Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que começou a ser desenvolvido em 2017. Apesar de ter sido aprovado pelo Comitê Nacional de Ética e Pesquisa (CONEP) em 2018, o procedimento foi colocado em prática só agora por falta de recursos.
A cirurgia faz parte de um projeto de pesquisa para analisar a efetividade do procedimento. Por isso, a cirurgia é experimental e não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
CIRURGIA
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O procedimento consiste em implantar eletrodos na parte periférica do núcleo accumbens, denominada Shell, parte do cérebro associada a vícios, medos e sobretudo ao prazer e à recompensa. Assim, a proposta é testar se a estimulação dessa área pode ajudar a reduzir a compulsão alimentar, um dos principais fatores da obesidade mórbida.
“A ativação libera neurotransmissores como a dopamina e isso daria aquela sensação de saciedade e de bem-estar nos pacientes, em que eles podem parar de comer”, disse à TV Anhanguera o neurocirurgião Osvaldo Vilela, responsável pelo procedimento.
ACOMPANHAMENTO
Os polos do eletrodo implantados em Ivan serão testados durante os três primeiros meses. Em seguida, os eletrodos serão ativados de um lado do núcleo, do outro, dos dois e de nenhum lado, na fase chamada duplo cego, quando nem o paciente nem o médico avaliador saberá onde e se os eletrodos estão ativados.
Essa fase terá a duração de dois meses para comparar os resultados. Assim, o estímulo com melhor desempenho será mantido até o final dos dois anos.
Além do Ivan, outros quatro pacientes participarão do projeto e serão acompanhados pela equipe de neurocirurgia e endocrinologia do HC-UFG durante dois anos.