Citado em questão do Enem, artista goiano Wolney Fernandes frisa reconhecimento

Artista goiano Wolney Fernandes é citado em questão da primeira prova do Enem

Neste domingo, 5, o artista goiano Wolney Fernandes foi citado na prova de ciências humanas, linguagens e redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), elaborada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) . O artista, que trabalha com colagens há dez anos, foi citado em uma questão que relaciona as artes visuais com o uso das redes sociais na internet como forma de ampliar universos. 

Prova do ENEM 2023 cita artista goiano Wolney Fernandes
Foto: Arquivo Pessoal

Nascido em Lagolândia, pequeno povoado perto de Pirenópolis, Wolney veio para Goiânia no ano de 1997 para fazer a graduação de Artes Visuais na Universidade Federal de Goiás  (UFG). Sua escolha pelo curso se deve ao fato de que, desde muito novo, tinha o desejo de ser artista. Desde sua formação, já experimentou linguagens bidimensionais como o desenho, a fotografia e a colagem. 

“O fazer artístico sempre me acompanhou neste período, mas eu produzia muito pra mim mesmo sem colocar minha arte para circular. Foi a partir de 2013 que eu decidi mudar isso e procurei uma galeria para me representar e comercializar meu trabalho”, declara.

A escolha pela colagem se dá pela possibilidade de misturar várias temporalidades e estilos. Segundo Wolney, cada pedaço encontrado em revistas e livros permite formar uma constelação de possibilidades criativas. 

“Me encanta a prática de dar um novo significado a imagens que foram criadas para um contexto diferente. As colagens também me abrem um espaço para reconfigurar minhas memórias de infância e minha relação com o mundo, com a religião e outros aspectos importantes da minha vida”, afirma.

As memórias de infância têm muita influência no trabalho de Wolney, pois o gosto pelo recorte e pela colagem remonta de quando, ainda menino, brincava com álbuns de figurinha com recortes de revistas de moda de sua mãe. 

“Em 2013, quando decidi colocar minha produção para circular, escolhi a colagem porque era a linguagem que me interessava investigar naquele período. Dez anos depois, acho que ainda há muito a explorar com a colagem. Em 2016, quando terminei o doutorado, eu entendi que a colagem também me possibilita a construção de uma metodologia criativa que poderia ser aplicada em outras áreas da minha vida profissional, como o ofício de ser professor”, explica o artista, que também é professor na UFG. 

Quanto à citação de seu nome e de seu trabalho na questão do ENEM, Wolney afirma que não vislumbra muita diferença em razão de seu nome estar na prova e que seus interesses criativos permanecem os mesmos de antes, mas que ficou honrado com a citação. “Fiquei extremamente honrado quando soube da citação e recebi o carinho de muita gente ao meu redor. Penso que este reconhecimento que a citação do ENEM proporcionou foi o que de mais legal aconteceu desde que soube da notícia”, declara. 

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Ministro do STJ diz que autismo é ‘problema’ e que clínicas são ‘passeios’

Na última sexta-feira, 22, durante um evento em São Paulo, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antônio Saldanha, fez declarações polêmicas sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Saldanha afirmou que o autismo é um “problema” e que as clínicas especializadas em tratamento promovem “passeios na floresta” para as crianças.
“Para os pais, é uma tranquilidade saber que o seu filho, que tem um problema, vai ficar de 6 a 8 horas por dia em uma clínica especializada, passeando na floresta. Mas isso custa,” disse Saldanha durante o Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde. Essa comparação gerou forte reação entre os presentes e na comunidade autista.
 
A advogada Aline Plentz, que coordena um grupo que luta pelos direitos de pessoas autistas na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Jabaquara (SP), se sentiu ofendida pelas palavras do ministro. “Eu, como mãe de um autista, me senti totalmente ofendida. Não é uma tristeza ter uma pessoa com deficiência na família. Tristeza é ter um ministro nos representando e ter uma fala tão infeliz como esta,” destacou.
A promotora de Justiça do Amapá, Fábia Nilci Santana de Souza, também criticou as declarações de Saldanha. “Foi muito infeliz a fala, quando ele mencionou que, aos pais, era muito cômodo encaminhar os filhos para uma clínica, para ficarem 6 ou 8 horas. Eu tenho um filho autista de 17 anos, ele sofre por isso, a família sofre. E não existe a família ficar feliz quando tem um filho com transtorno que sofre discriminação, sofre exclusão,” disse.

Crítica à Lei Romário

Durante a palestra, transmitida no canal do YouTube do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Saldanha criticou a Lei Romário, que instituiu critérios para que beneficiários de planos de saúde possam solicitar a cobertura de procedimentos não incluídos no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Essa Lei 14.454, chamada de Lei Romário, porque o senador Romário foi indicado como relator. Não por acaso, mas ele tem um filho com problemas de cognição, uma filha, não sei bem… É uma lei que abriu, não fala em medicina baseada em evidência, ela fala o seguinte: se vier um laudo técnico, tem que conceder [tratamento],” explicou.
Saldanha também afirmou que “qualquer um” pode ter “fator de autismo”. “Então, crianças que estão dentro do espectro, Transtorno do Espectro Autista, que é uma abrangência, o autismo pode ser, qualquer um de nós pode ter um fator de autismo, qualquer um de nós, acredito que eu, deva ter também, mas é um espectro enorme e começaram a brotar clínicas de autismo.”
 
O autismo, segundo o Ministério da Saúde, é um problema no desenvolvimento neurológico que prejudica a organização de pensamentos, sentimentos e emoções. As características incluem dificuldade de comunicação, socialização e comportamento limitado e repetitivo. Os sinais de alerta surgem nos primeiros meses de vida, mas a confirmação do diagnóstico costuma ocorrer aos dois ou três anos de idade.

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