Sem licença sanitária, clínica onde mulher morreu ao fazer hidrolipo foi autuada e interditada por exercer atividade irregular. Paloma Lopes Alves, de 31 anos, teve parada cardiorrespiratória durante procedimento realizado na Maná Day, na Zona Leste de São Paulo. O caso é investigado como morte suspeita. ‘Foi coisa de segundos’, diz médico sobre piora da mulher que morreu em hidrolipo. A clínica estética onde uma mulher de 31 anos morreu após passar mal durante um procedimento de hidrolipo foi autuada e totalmente interditada pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), da Prefeitura de São Paulo, nesta quarta-feira (27).
Segundo o órgão, a Maná Day exercia atividade irregular, já que não possuía a licença sanitária necessária para realizar procedimentos invasivos, como lipoaspirações. Paloma Lopes Alves teve uma parada cardiorrespiratória e foi socorrida por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel (Samu). No entanto, ela chegou sem vida ao Hospital Municipal do Tatuapé. O caso foi registrado como morte suspeita. Em entrevista à TV Globo, o médico Josias Caetano dos Santos, que fez o procedimento em Paloma, disse que a condição da paciente piorou em “coisa de segundos”. Ele relatou que a moça começou a sentir falta de ar minutos após ser levada para a sala de recuperação pós-operatória e ficou inconsciente.
A paciente piorou muito a angústia respiratória e ficou inconsciente, mas, assim, foi coisa de segundos. A gente começou a fazer a massagem cardíaca. A gente começou a ventilar com aquela máscara de O2. Quando você tem um sofrimento por falta de oxigênio, é esperado que, com essas manobras, isso já recupere rapidamente. Não foi o que aconteceu. O médico já foi acusado por outros pacientes de erro médico, mas, segundo o advogado de defesa dele, Lairon Joe, todos os processos foram arquivados. “O dr Josias não tem uma condenação penal em relação a erro médico. E todos os processos, os inquéritos policiais que foram abertos, todos foram arquivados. Então, nós iremos prestar os esclarecimentos devidos”, afirmou. Paloma tinha conhecido o médico pessoalmente apenas no dia da cirurgia e pagou R$ 10 mil pelo procedimento, segundo o marido, Everton Silveira. Ainda conforme Everton, ela contratou o procedimento pelas redes sociais, e o pagamento da consulta foi realizado por transferências bancárias a uma empresa em nome do médico no valor de R$ 10 mil. A justiça precisa ser feita. Eu levei minha esposa para fazer a realização do sonho e agora temos que enterrá-la. Estou sem acreditar. Segundo o marido, Paloma deu entrada no período da manhã da terça na clínica de estética Maná Day, na Avenida Conselheiro Carrão, Zona Leste de São Paulo. O procedimento seria feito na região das costas e do abdome, e a paciente tinha previsão de alta no fim da tarde. Porém, ela passou mal e teve uma parada cardíaca. “A gente foi fazer o procedimento, e eu estava lá. Fizeram uma negligência enorme. Demoraram muito para chamar o Samu. A hora que eu vi que o Samu estava lá, eu saí correndo. Eles não me informaram o que estava acontecendo. Uma situação muito triste, delicada. Nossa, fora do comum. No hospital, tentaram reanimar, mas ela veio a óbito”, afirmou ele. A hidrolipo, também chamada de lipoaspiração tumescente, é o nome dado a uma lipoaspiração realizada com anestesia raquidiana, que torna insensível à dor apenas uma parte do corpo. O paciente, se não for sedado, mantém a consciência e fica acordado durante todo o procedimento. A cirurgia leva o prefixo “hidro” no nome porque o médico injeta uma solução de anestésico, soro fisiológico e adrenalina com o intuito de diminuir os vasos capilares e reduzir a perda de sangue. “Conceituou-se que a hidrolipo seria essa lipoaspiração, injetando anestésico, soro fisiológico e adrenalina feita com anestesia, no consultório médico e com o paciente acordado”, explicou em 2021 o médico Wendell Uguetto, ao DE. A hidrolipo é uma alternativa à lipoaspiração convencional para as pessoas que desejam remover áreas de gordura de pontos específicos do corpo. “Como eu tenho uma restrição de anestésico, eu consigo fazer [o procedimento] em poucas áreas. É uma cirurgia que pode ser um pouco desconfortável para o paciente. Já a lipoaspiração convencional, que é feita em ambiente hospitalar, o paciente está dormindo. É totalmente confortável para o paciente e a gente, como cirurgião, consegue retirar muito mais volume”, diz Uguetto. A técnica ficou conhecida por ser mais rápida, cômoda e barata do que uma lipoaspiração convencional, mas deve ser utilizada com parcimônia porque pode ser tornar tóxica se administrada em excesso. Segundo o cirurgião, em um hospital esse risco é reduzido porque há acompanhamento de um anestesista todo o tempo. Há ainda aqueles comuns em qualquer lipoaspiração, como perfuração, trombose, embolia pulmonar e outros. Para reduzir os riscos do procedimento, Uguetto recomenda que o paciente procure um profissional capacitado, com registro e em um centro de referência, que faça a cirurgia em um ambiente hospitalar e, tão importante quanto, que exija exames pré-operatórios.