Última atualização 13/04/2023 | 10:53
Em meio a onda de ataques e ameaças de massacre em escolas, o Clube de Caça e Tiro Hunter, em Jataí, no Sudoeste de Goiás, tem publicado fotos de crianças em um curso de manuseio de airsoft, tipo de arma de pressão. O conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Roberto Uchôa, diz que a prática com o público infantil é preocupante, especialmente no atual cenário de violência nas escolas.
O chamado “Projeto Hunter Atirador Mirim” foi ministrado na unidade no dia 1º de abril. Nas redes sociais do clube foram publicadas imagens de ao menos 15 crianças, aparentemente com idade média de sete anos, empunhando as armas de airsoft. Em uma das fotos, é possível ver os menores com um certificado de conclusão do curso.
No site da instituição consta ainda que no dia 14 de fevereiro foi realizada a 1ª Competição Infantil de Airsoft. Por lei, o uso da arma de airsoft é permitido para a prática de tiro desportivo, e a venda pode ser feita legalmente a maiores de 18 anos. A Portaria nº 02/2010, do Comando Logístico do Exército Brasileiro, define o airsoft como um tipo de arma de pressão.
No documento, consta ainda que as armas do tipo devem apresentar “marcação na extremidade do cano na cor laranja fluorescente ou vermelho vivo”. Isso porque, visualmente, o objeto é similar a uma arma de fogo e a marcação visa distinguir os armamentos.
O conselheiro conta que é a primeira vez que vê um curso do tipo voltado ao público infantil. Para ele, a prática é preocupante e assustadora porque é uma forma de ensinar as crianças a manusear armas de fogo. Ele destaca também a semelhança física e de utilização entre os objetos.
“O funcionamento fica muito parecido”, explica. A preocupação, segundo Uchôa, aumenta ainda mais no cenário vivenciado nas últimas semanas, com a crescente no número de ataques a instituições de ensino. “No atual cenário que a gente vive de ataques a escolas, de medo, fico receoso da gente estar ensinando crianças a manusearem arma”, afirmou ao O Popular.
Dentro da lei
A unidade alegou que a prática realizada no clube é legal e que já foram feitas outras atividades semelhantes com crianças. O estabelecimento disse ainda que foi feito um “evento recreativo para crianças e adolescentes, onde os pais dos menores fizeram as respectivas inscrições de seus filhos, bem como assinaram termo de autorização”.
Ainda de acordo com o clube, “a intenção do evento foi ensinar o manuseio do airsoft, sobretudo para demonstrar que mesmo a arma de brinquedo tem as suas regras de utilização que devem ser respeitadas” e que “a legislação brasileira não faz nenhuma vedação para o curso que foi ministrado”.