Clubes brasileiros na América do Sul: lições e surpresas nos torneios continentais

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Uma semana para aprender: clubes brasileiros tiveram “aula sul-americana” nos torneios continentais

Entre derrotas inesperadas e vitórias sofridas, vários jogos mostraram que há pedras no meio do caminho, apesar do abismo financeiro.

São Paulo 2 x 2 Alianza Lima | Gols | 2ª rodada | CONMEBOL Libertadores 2025 [https://s01.video.glbimg.com/x240/13507836.jpg]

No começo do ano, os clubes brasileiros eram apontados como absolutos favoritos nas competições sul-americanas. Hoje, continuam sendo, mas tiveram algumas lições importantes nesta última semana. Entre derrotas inesperadas e vitórias sofridas, talvez tenham aprendido que, apesar do abismo financeiro em relação à maioria dos adversários, tanto a Libertadores quanto a Sul-Americana reservam pedras no meio do caminho — ou “perigo na esquina”, como dias atrás disse Rogério Ceni, citando Belchior.

Não estamos falando, obviamente, de Atlético-MG e Fluminense, que golearam adversários acessíveis, tampouco do Bahia que venceu com autoridade o Nacional, hoje mais camisa do que time, para obter sua primeira vitória como visitante na Libertadores após muito tempo. As aulas sul-americanas da semana foram ministradas para clubes de outras cores, deixando um rastro de surpresa e aflição

Obviamente, os resultados que mais saltam aos olhos (e levantam as orelhas) aconteceram na insólita quarta-feira passada, noite em que alguns protagonistas brasileiros falharam na fórmula de Bhaskara. A derrota do Flamengo para o Central Córdoba deflagrou a festa na província de Santiago del Estero e surpreendeu meio continente — era apenas a terceira vez que um clube argentino vencia um rival brasileiro no Maracanã, depois do Independiente contra o Santos, em 1964, e do Argentinos Jrs. diante do Fluminense, em 1985.

Bruno Henrique perde chance no fim para o Flamengo contra o Central Córdoba — Foto: André Durão

Não acredito que Filipe Luis tenha subestimado a competição ou mesmo o adversário. O técnico rubro-negro fez o que devia (e pode) fazer, alternando o qualificado elenco que tem à sua disposição. O que acontece, e isso muitas vezes nos escapa aos olhos, é que um projeto bem-sucedido não está necessariamente vinculado a investimentos milionários, e este é exatamente o caso do time de Omar De Filippe, que comanda o Central Córdoba desde 2023, tendo conquistado a Copa Argentina e se consolidado na elite dos hermanos. O resultado foi, sim, uma surpresa, mas está bem longe de ser um milagre.

Projetos assim, modestos, provavelmente não levam a títulos continentais, mas permitem resultados (para os visitantes, históricos) como o que vimos no Maracanã. Exatamente como o Mushuc Runa, clube vinculado a uma cooperativa de crédito formada por indígenas, que há algum tempo assume certo protagonismo no futebol equatoriano e venceu o Cruzeiro com alguma tranquilidade pela Sul-Americana. Nesses casos, a vergonha maior não é perder, mas sim desconhecer o adversário.

Cruzeiro 1 x 2 Mushuc Runa | Melhores momentos | 2ª Rodada | Copa Sul-Americana 2025 [https://s04.video.glbimg.com/x240/13504559.jpg]

Nenhuma dessas ocorrências têm a ver com o que passou o São Paulo ontem, no Morumbi, cedendo um empate ao time Alianza Lima após estar vencendo por 2 a 0. E isso por alguns motivos sólidos: o time peruano é um dos mais populares do continente, sua escalação mostra que tem capacidade de investimento e trazia na bagagem, na fase anterior aos grupos, o feito de eliminar o Boca Juniors — de forma convicta, jogando bem tanto no Peru quanto na Bombonera.

Também os que venceram puderam aprender, nem que fosse a tabuada do 2 da Libertadores. Tanto o Palmeiras, que enfrentou dificuldades para vencer o Cerro Porteño, seu eterno adversário em Libertadores, quanto o Internacional, que bateu o Atlético Nacional por 3 a 0, mas viu o placar ser muito mais generoso do que o desempenho: o forte, furioso e veloz time colombiano dobrou-se apenas após ficar com um jogador a menos no gramado do Beira-Rio.

Com o avançar das competições, é normal que a força dos brasileiros prevaleça. Provavelmente, as semifinais de Libertadores e Sul-Americana terão maioria de clubes do Brasil. No entanto, enquanto as melancias se ajeitam, é importante perceber que há times qualificados do outro lado das nossas muitas fronteiras. O Brasil é um país de proporções continentais, bem sabemos, mas ainda está muito longo de ser toda a América do Sul.

Internacional 3 x 0 Atlético Nacional | Gols | CONMEBOL Libertadores 2025 [https://s01.video.glbimg.com/x240/13507612.jpg]

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