Clubes de leitura se tornaram um fenômeno crescente na região do Cariri, trazendo consigo espaços de encontro e convivência que fortalecem os vínculos sociais e revelam como a leitura coletiva pode gerar acolhimento e identidade. No cenário literário do Cariri, surgem iniciativas que resistem e promovem reencontros. Os clubes de leitura, com sua presença significativa, vão além das páginas, oferecendo escuta, acolhimento e transformação aos participantes.

Em Juazeiro do Norte, duas professoras encontraram nas adversidades da pandemia uma oportunidade para criar um clube de leitura. Inicialmente online, o grupo evoluiu para encontros presenciais, reunindo mulheres de 35 a 60 anos mensalmente para debater autores e temas diversos. As idealizadoras Dalva Alencar e Mônica Nóbrega afirmam que o foco do clube não se limita a autores específicos, mas se estende a temáticas variadas, buscando ampliar os horizontes das participantes.

Uma das características distintivas do clube é a assinatura mensal, na qual as participantes recebem uma caixa surpresa contendo um livro, uma carta de apresentação e pequenos mimos, como marcadores de página e cards colecionáveis. Esse momento de revelação da caixa tornou-se um ritual de expectativa e afeto para as integrantes, como destaca a escritora e professora Soderlânia Oliveira, para quem a leitura é uma fonte de cura e conexão com novos mundos e perspectivas.

Outro projeto relevante na região é o “Nordestinados a Ler”, que teve início como um blog literário na Universidade Federal do Cariri e se transformou em um clube de leitura. A proposta é valorizar autoras nordestinas e promover discussões mensais sobre gênero, território e identidade. A idealizadora Luciana Bessa ressalta a importância de disseminar a literatura regional para diversos públicos, apresentando escritoras desconhecidas para muitos participantes.

O clube Ciranda de Livros, criado pela dentista Aline de Alencar há uma década, representa um espaço de encontros, descobertas e conexões para os amantes da literatura. Inicialmente sediado em uma livraria de Juazeiro do Norte, o clube migrou para encontros virtuais durante a pandemia e posteriormente assumiu novas formas de interação, lideradas pela psicóloga Júlia Barreira. Mais do que apenas leitura, a Ciranda se transformou em um local de compartilhamento existencial e debates enriquecedores sobre a vida e a sociedade.

Por sua vez, o clube literário Biblioteca Aqui e Agora, fundado pela psicóloga Maria Beatriz de Souza Lima em parceria com Emilly da Silva, reúne mulheres jovens em encontros mensais para compartilhar suas paixões literárias. Além de estimular o hábito da leitura, o clube se destaca como um ambiente terapêutico de escuta, afeto e troca de experiências. Os encontros promovem reflexões profundas, criam vínculos significativos e proporcionam um espaço seguro para discussões pessoais e literárias.

Na região do Cariri, os clubes de leitura revelam o poder transformador e inclusivo da literatura, oferecendo não apenas a oportunidade de explorar novas narrativas e perspectivas, mas também de criar laços afetivos e de solidariedade entre os participantes. Com atividades presenciais e virtuais, esses espaços se destacam como pontos de resistência cultural e promotores de conexões emocionais e intelectuais profundas. A leitura coletiva se mostra como um veículo não apenas de entretenimento, mas de cura, descoberta e crescimento pessoal em uma região marcada por sua rica tradição literária e cultural.