CNJ afasta juiz citado em inquérito do golpe contra urnas eletrônicas

Inquérito do golpe: CNJ afasta juiz citado por atuar contra urnas

Investigação da Polícia Federal indicou que magistrado teria atuado junto ao
presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou o juiz
federal da 4ª Região Sandro Nunes Vieira. Ele foi citado no relatório da Polícia Federal (PF) relativo ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga tentativa de golpe de Estado.

Ao DE, o CNJ informou, por meio de nota, que o caso tramita em sigilo no
conselho. “A decisão ocorreu após o Conselho Nacional de Justiça receber ofício
do Supremo Tribunal Federal sobre a conduta do magistrado.”

No relatório das investigações da tentativa de golpe, a PF apontou que o juiz
teria atuado junto ao presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto,
em uma ofensiva contra as urnas eletrônicas.

Sandro Nunes trabalhou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022. A PF afirma ter encontrado
imagens no celular do então assessor especial de Bolsonaro, Marcelo Câmara, na
qual ele discutia com o juiz fraudes nas urnas eletrônicas e a ação do PL contra
o pleito.

“Nesse contexto, os elementos probatórios identificados pela investigação
demonstram que Sandro Nunes Vieira atuou de forma ilegal e clandestina, ao
assessorar o Partido Liberal na representação eleitoral contra as urnas
eletrônicas”, afirma a PF no relatório.

Embora citado no relatório, o magistrado não é um dos 37 que foram indiciados
pela PF na conclusão do inquérito, na terça-feira (26/11).

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Julgamento de feminicida de Izabel Aparecida: família cobra pena máxima | SEO 60 Caracteres

Justiça por Izabel: família faz pressão por pena máxima a feminicida

Julgamento de acusado pela morte de Izabel Aparecida Guimarães de Sousa está
marcado para 12 de dezembro no Fórum de Ceilândia

Há quase dois anos, a família de Izabel Aparecida Guimarães de Sousa espera por
Justiça. Na tarde de 4 de fevereiro de 2023, a vendedora foi morta com tiro na
testa, na frente da filha, disparado pelo ex-companheiro Paulo Roberto Moreira
Soares, no P Sul. O julgamento está marcado para 12 de dezembro, no Fórum
Desembargador José Manoel Coelho, em Ceilândia. Com
os corações apertados, parentes da vítima defendem a pena máxima ao feminicida.

Paulo Roberto está preso preventivamente por feminicídio. Mas, para a família, a demora no
julgamento é angustiante. Segundo a bombeira militar, enfermeira e professora,
Érika Tayná de Souza Nascimento, sobrinha de Izabel, os parentes estão ansiosos
pelo julgamento. De acordo com a jovem, a condenação também é necessária para
conter a onda de casos de feminicídios e de violência contra mulher no DE.

“Estamos ansiosos para ele não fique impune. Que pague de verdade pelo o que
fez, com uma pena justa. Porque a minha tia a gente não vai ter de volta,
infelizmente. Ela não volta. Mas ele tem que pagar”, afirmou Érika. A jovem,
inclusive, lançou uma pesquisa para avaliar como o Sistema Único de Saúde (SUS)
pode ajudar na luta contra o feminicídio.

Na família de Izabel, em alguns dias a saudade aperta. Em outros, a raiva grita
mais alto. “Aquele tiro atravessou todo mundo e causa feridas até hoje. Toda vez
que a gente vê que o tempo passa e ele não é condenado, é como se atirassem de
novo na gente. É uma dor inexplicável”, lamentou a jovem.

A filha de Izabel testemunhou a morte na mãe. Segundo Érika, a família tem
buscado todas formas para cuidar da criança, traumatizada pela violência. “Ela
sente muita falta da mãe. Mandava mensagens para ela, sabe? Na esperança que a
mãe respondesse. Ficava ligando, desejando feliz Dia das Mães, feliz Dias das
Mulheres, falando que sente muita saudade”, contou.

A menina pediu um telescópio de aniversário. “Porque queria ver o céu, na
esperança de encontrava a mãe dela”, revelou Érika. A criança frequentemente
dorme chorando e acorda com pesadelos. “Ninguém ensinou para gente como se cria
um órfão do feminicídio”, pontuou.

“É muito importante que ele seja condenado e que a sociedade veja que ele foi
condenado. Porque nós estamos em uma epidemia de feminicídios. Que mostrem que
isso não vai ficar impune. Não podemos normalizar, deixar preso por 10 anos e
depois soltar um homem que tirou a vida de uma mulher, por causa de um fim de
relacionamento. Isso não pode acontecer. Temos que mostrar que existe Justiça no
Brasil”, assinalou.

A pesquisa de mestrado de Érika, na Universidade de Brasília (UnB), aborda a
percepção dos profissionais de enfermagem no atendimento às vítimas de violência
doméstica na Atenção Primária à Saúde. A partir da conclusão do estudo, a
pesquisadora vai propor uma estratégia ao Sistema Único de Saúde (SUS) de
acolhimento às vítimas, e quebrar o ciclo de violência no início das agressões,
antes de os casos chegarem ao ponto de um feminicídio.

Segundo o Painel dos Feminicídios da Secretaria de Segurança Pública (SSP), o DE
foi palco de 208 feminicídios, entre 1º de janeiro de 2015 e 27 de novembro de
2024. Ao longo da série histórica, 2023 foi o ano com o maior número de casos, com 31
feminicídios no período. Na contagem parcial de 2024, até sexta-feira (6/12),
foram 21.

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