Um estudo apontou que a cobertura de vacina da Covid-19 é menor entre populações indígenas. A pesquisa da Fiocruz estima que a população indígena tem uma proporção menor de pessoas com esquema vacinal completo, de 48,7%, do que não-indígenas, de 74,8%. Os dados nacionais foram pesquisados em pessoas com idade acima de 5 anos durante os dias 18 de janeiro a 1ª de março do ano passado. O trabalho também fez estimativas sobre a cobertura vacinal para calcular a efetividade das vacinas Coronavac, AstraZeneca e Pfizer.
Os resultados da pesquisa mostram uma cobertura desigual de vacinas contra a covid entre indígenas e não-indígenas, mas identificou similaridade quando se trata da efetividade das vacinas entre os dois grupos. A conclusão foi obtida considerando casos sintomáticos, mortalidade e hospitalização. Os cientistas recomendam ampliação do acesso, principalmente entre crianças e adolescentes, e o oferecimento de doses de reforço para um nível de proteção adequado do grupo de indígenas.
A pesquisa foi realizada pelo o Centro de Integração de Dados em Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), junto com a London School of Hygiene and Tropical Medicine, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade São Paulo (USP), a Universitat Pompeu Fabra (Barcelona), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Vacinação dos Yanomami
O Ministério da Saúde decidiu antecipar o início da campanha de vacinação contra a covid no território indígena Yanomami devido à atual crise humanitária. A ação estava marcada para iniciar no dia 27 de fevereiro, no entanto foram antecipadas para dois dias antes. Cerca de 20 mil doses bivalentes contra o vírus serão enviadas para a região norte do País onde vive a comunidade. O boletim diário atualizado na última quinta-feira, 16, pelo Centro de Operações de Emêrgencias (COE) do governo federal relatou que serão aplicadas vacinas do calendário de rotina para crianças e adultos. Os imunizantes serão enviados para comunidades de Surucucu, Kataroa, Maloca Paapiú, Auaris, Missão Catrimani e Waputha.
A população yanomami vive uma crise humanitária grave. Afetados pela presença do garimpo ilegal nas terras, os indígenas da região convivem com destruição ambiental, contaminação da água, propagação de doenças e violência. A situação se agravou nos últimos quatro anos. De acordo com o COE, neste momento os médicos lidam com 54 casos de desnutrição, 41 de pneumonia, 24 casos de diarreia aguda e 26 de malária. Até a última quinta-feira, 16, 157 indígenas tiveram alta após tratamento de diferentes doenças e agravamentos de saúde.