Covid-19: SIMEGO denuncia colapso nos hospitais de Goiás

Nesta segunda-feira, 22, o Diário do Estado entrevistou a médica Franscine Leão, que dirige o Sindicato dos Médicos de Goiás, para comentar sobre esta nova fase da Covid-19. “O esgotamento de serviços, o esgotamento de pontos de oxigênio e de pontos de assistência para os pacientes com necessidades de UTIs, ou atendimentos especializados… isso nós estamos vivendo desde o começo de janeiro”, conta a médica. “A morte dos nossos pacientes nos afeta muito. É visível que os profissionais que estão na assistência direta, como os técnicos de enfermagem, estão mais acometidos pelo esgotamento mental e psicológico”, aponta a profissional.

Diante dos desafios, Franscine admite: “Não é fácil estar no fronte. E sobre mortalidade dos médicos, a gente percebe que teve um declínio. Fomos vacinados com prioridade, e precisamos nos preservar. O exército está cansado, isso eu posso dizer para vocês”, desabafa. “Estamos esgotados, para falar a verdade. Quando nós nos dispomos, nós acabamos deixando os nossos expostos também, e isto não é fácil”, conclui.

Comparando com o ano passado, a médica descreveu que “a primeira onda foi muito diferente da segunda onda. Realmente, na primeira, foram pacientes idosos, comórbidos… e na segunda onda não é isso. Estamos vendo muitos pacientes jovens indo a óbito, porque o vírus sofreu mudança”, destaca. “Isso nos fragiliza enquanto profissionais de saúde, porque estamos aqui para lutar com vocês. Nós fomos formados para salvar. Para preservar a vida, mas a sensação hoje é de impotência”, lamenta a presidente do Simego.

Sobre a capacidade do sistema de saúde, ela alerta: “No último mês a gente observa um total esgotamento dos serviços de saúde. Os pacientes estão ficando 15, 14, 12 dias internados das UPAs. Isso afoga o serviço de pronto atendimento, causa um desgaste e dificulta o acesso a que precisa de um lugar no oxigênio. Até atendimentos privados já fecharam suas portas diante da situação caótica. Não está tendo dinheiro que resolva”, observou a entrevistada.

Diante de polêmicas, a especialista se posicionou como contrária à politização do vírus, mas defendeu que a medicação escolhida para o tratamento da nova doença (que é envolta em dúvidas) deve ser firmada por meio de acordo entre paciente e médico. A entrevistada citou ainda alguns medicamentos que estão sendo usados nas fases mais graves da doença, como Heparina e Clexane, na tentativa de combate aos coágulos sanguíneos e à trombose, já que, segundo a médica, “o que mata não é diretamente o vírus, mas as suas complicações“, explicou.

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Vídeo: Circulação de fake news fez Goiás cair índice a cobertura vacinal infantil

Devido às baixas procuras por vacinas, em função da pandemia de Covid-19 e circulação de fake news, Goiás deu início nesta segunda-feira, 8, à Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e de Multivacinação para Atualização da Caderneta de Crianças e Adolescentes. O objetivo é reduzir o risco de transmissão de doenças imunopreveníveis, como a paralisia infantil, sarampo, catapora e caxumba. Este ano, a média da cobertura vacinal em Goiás está pouco acima dos 50%, ou seja, longe do ideal que 95%.

De acordo com a gerente do Plano de Nacional de Imunização (PNI) da Secretaria de Estado de Goiás, Clarice Carvalho, durante o período crítico da pandemia da Covid-1, no estado, muitos pais deixaram de levar as crianças até uma unidade de saúde para atualizar o cartão de vacinação. O medo, em parte, estava relacionado à doença, porém, a circulação de informações falsas contribuíram com o quadro.

“Muitas pessoas tinham receio de ir até uma unidade de saúde para se vacinar, mesmo estas unidades estando preparadas para acolher as pessoas. Ainda houve um receio, mas devido a circulação de fake news, informações incorretas, informações falsas, abordando a segurança da vacina”, explicou Clarice.

Para esse público, que ficou sem vacinar durante os últimos dois anos, os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) vão elaborar um plano para que o esquema vacinal fique completo.

Além disso, de acordo com a gerente do PNI, em Goiás, diversos municípios já atuaram ativamente para buscar as crianças que precisam de algum imunizante.

“Os municípios têm trabalhado sim nesta busca ativa, indo nas casas, principalmente, para vacinar as crianças de acordo com as doses programadas para a sua idade”, explicou Clarice.

*Entrevista completa ao final do texto*

Multivacinação Infantil

A Campanha de Multivacinação está aberta em todos os 246 municípios goianos, com objetivo de sensibilizar pais e responsáveis a levarem as crianças e adolescentes aos postos de saúde para completarem o cartão vacinal.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) mostram que, nos últimos anos, as coberturas vacinais de todas as vacinas estão bem abaixo de 95%, meta preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) para garantir a proteção coletiva de toda a população infantil. Este ano, a média da cobertura vacinal em Goiás está pouco acima dos 50%.

Risco

O Brasil já convive com a reintrodução de doenças que já haviam sido erradicadas. Dois anos depois da concessão do Certificado de País Livre do Sarampo, com a circulação do vírus dessa doença e a transmissão por mais de 12 meses consecutivos, o país perdeu essa certificação. De 2019 a 2020, foram 20 casos notificados em Goiás.

Também a difteria, que havia sido controlada, deixando de ser uma preocupação dos gestores de saúde, voltou a apresentar casos isolados. O último caso da doença havia sido notificado em 1998. Neste ano, foi registrado um caso da enfermidade, em Santa Helena de Goiás.

Com o vírus da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, circulando em países da África e diante das baixas coberturas registradas nas crianças brasileiras, existe o risco do retorno dessa doença, prevenida com apenas duas gotinhas da vacina Sabin.

O Brasil não cumpre, desde 2015, a meta de imunizar 95% do público-alvo vacinado contra a poliomielite, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença.

Sarampo, tétano, difteria, poliomielite, tuberculose, coqueluche, meningites e várias outras doenças são prevenidas com vacinas seguras, testadas e usadas há mais de 30 anos com sucesso no Brasil.

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