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Colégio Militar promove ordem em meio ao caos

A vulnerabilidade e o índice de baixa aprendizagem estão presentes em grande parte das escolas públicas goianas. Mas, este cenário deixou de ser realidade com a transformação do Colégio Estadual Major Oscar Alvelos, localizado no Parque Atheneu, em Goiânia, em unidade militar no início de 2017. Sob a coordenação e direção do tenente-coronel Ubiratan Reges de Jesus Júnior, o colégio vem se destacando pelo desempenho educacional da disciplina militar acima da média de muitas escolas particulares de Goiás.

Desde então, a unidade tem construído uma historia de sucesso com transformações estruturais e pedagógicas que triplicou o número de alunos matriculados e tem ganhado destaque pela performance disciplinar com ações de cidadania, solidariedade, valorização da vida, amor e respeito ao próximo. Para os gestores, a grande transformação está na valorização e motivação dos alunos, por meio da disciplina e de atividades docentes qualificadoras e reveladoras.

“Nosso objetivo é colocar em prática a formação cívica e cidadã de valorização da vida extraindo o melhor dos nossos alunos”, pontua o diretor, ao lembrar que o colégio foi o primeiro do Parque Atheneu, e que, por questões políticas não foi o primeiro a ser transformado em unidade militar em Goiânia. “Por ser um bairro de militares, nada mais justo do que ter um colégio militar aqui. Este era um anseio antigo da população local, mas o sonho só foi realizado ano passado e estamos trabalhando para fazer a diferença na educação militarizada em Goiás”, relata o coronel Ubiratan.

O mesmo colégio, antes da militarização, foi alvo de críticas e polêmicas provocadas pela falta de estrutura física, educacional e pedagógica. “Antes da transformação, o colégio tinha 600 alunos matriculados. Hoje, são 1,5 mil, do 7º ano do ensino fundamental ao 3º do ensino médio. Além de resgatar jovens para a escola, nosso projeto tem revelado alunos destaque no esporte, na arte e na vida”, revela o diretor.

Segundo Ubiratan, pelo menos quatro alunos se destacaram no primeiro ano de atividades pedagógicas da unidade. “Temos o Felipe que está na seleção sub20 do Vila Nova, a Dangela que é campeã de taekwondo, a Regina que venceu várias maratonas e o Lucas que participou do The Voice”, conta orgulhoso. Para o tenente coronel, mudar a realidade destes jovens e formar homens e mulheres comprometidos com si mesmos, e com a sociedade, por meio da educação militar é o melhor caminho para a tolerância, valores, direitos e deveres e cidadania.

“Educação se faz com autonomia administrativa, pedagógica e capacitação do professor. Por isso, mudamos a cara e a estrutura da escola. Construímos um complexo esportivo, reformamos e reestruturamos o prédio, informatizamos a administração e criamos projetos pedagógicos para envolver o aluno. Acredito que este é nosso diferencial”, avalia Ubiratan.

Hierarquia e disciplina

Os resultados da mudança implantada no início de 2017, segundo a escola e o governo goiano, foram satisfatórios. O diretor do agora Colégio Militar Major Oscar Alvelos, tenente-coronel Ubiratan, garante que, com a implementação de princípios básicos militares de “hierarquia e disciplina”, a escola conseguiu acabar com casos de violência e baixo rendimento escolar. “Aqui, aluno usava droga dentro da escola e desrespeitava professor. Agora, é outro mundo, os próprios professores perguntam como nós conseguimos. Antes, eram os alunos que mandavam na escola”, diz.

Entre as funções dos militares, estão as de cunho administrativo. O comandante e o subcomandante fazem parte do corpo diretivo e da coordenação disciplinar, que prevê regras da cartilha militar. “Tudo muda! O aluno muda! A começar pela roupa. Antes, bastava colocar a camiseta do colégio, agora é preciso vestir o uniforme militar. Os meninos devem ter cabelo baixo, e as meninas, mantê-los presos, no “padrão militar””, explica o diretor.

Para o diretor, o primeiro reflexo é a mudança comportamental. A começar pelas unhas, esmalte escuro é proibido, assim como acessórios muito chamativos. Mascar chiclete, falar palavrão ou se comunicar com gírias (“velho”, “mano”, “brother”) também são práticas banidas da escola desde que ela se tornou militar. O tradicional “bom dia” foi substituído por uma continência. “Ela é a nossa saudação, para o professor ou entre os alunos, é um jeito de dizer ‘bom dia, como vai?'”, explica coronel Ubiratan. Daí vem o perfilamento em formação militar seguido da revista de um “coordenador de disciplina” para evitar que alguma regra seja desrespeitada. Uma vez por semana, há também a formação geral para cantar o hino nacional e o hino à bandeira, enquanto a mesma é hasteada conforme manda o protocolo militar.

Além dos novos hábitos, os alunos do MOA tem aulas adicionais de música, cidadania, educação física militar, prevenção às drogas e Constituição Federal. “Nós trabalhamos o respeito com o próximo, a responsabilidade com horários, a reverência aos mais velhos. E a convivência”, conta o diretor.

Patrícia Santana