Com 10 mortes por dia, Hcamp entra em Colapso em Goiânia

Um funcionário do Hospital de Campanha de Goiânia (Hospital do Servidor Público Fernando Cunha Júnior), contou de maneira exclusiva ao Diário do Estado sobre a atual situação da unidade que atende tanto pacientes com Covid-19, quanto os que chegam com outras doenças.

“O hospital está atendendo demanda que nem é Covid. O paciente chega em qualquer outro lugar para ser atendido e não é, porque está lotado. Então, os profissionais deste hospital falam para o paciente que ele tem sintomas de Covid, e ele, leigo, acredita”, relata. Neste caso, segundo a denúncia feita pelo profissional que também foi um paciente, o Hospital de Campanha, que é estadual, precisa receber estas pessoas, já que trabalha com a política de portas abertas.

Preferindo não se identificar, o profissional de saúde relatou: “Os hospitais de Goiânia estão sobrecarregando o Hcamp de todas as formas. As UPAS e CAIS não querem fazer testes de SWAB (teste de Covid com cotonete) e atender pacientes de classificação de risco verde (para a Covid)”, conta. “Daí esses pacientes vão parar no Hcamp também, correndo o risco de ser exposto a maior quantidade de vírus e superlotando o hospital”.

O denunciante lembrou que os funcionários de UPAS e CAIS receberam a vacinação para poder trabalhar na linha de frente, mas “estão recusando o serviço”. Sobre a situação do hospital, o funcionário descreve o local como “zona de guerra“.

A média de mortes é calculada em 7 ou 8, por dia. “Teve um dia que morreu 11”, conta. “O atendimento demora, porque a demanda está muito grande. Tem muito paciente com classificação e risco amarela e vermelha, e não temos onde colocar”. Daí, neste caso, “esperamos alguém morrer na UTI, ou ter alta, para transferir alguém da enfermaria para lá”.

No dominó da espera, “abrindo esta vaga na enfermaria, subimos um paciente da emergência, e então abre uma vaga na emergência. Mesma coisa: pegamos um paciente da triagem que estava aguardando leito e colocamos lá”, descreve. A Agir Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde, teria aberto mais leitos para pacientes com classificação de risco vermelha, mas mesmo assim, “está lotado de novo“.

O outro lado

Em nota enviada ao Diário do Estado, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, responsável pelos Cais, informou que “os testes com SWAB são realizados em 43 unidades de saúde, incluindo Unidades de Saúde Familiar, CAIS, CIAMS e Unidades de Pronto Atendimento (UPA). A SMS destaca, inclusive, que o número de testagens diárias aumentou de 700 para 800 a 1000, indicando maior procura por parte da comunidade. A Secretaria frisa que o atendimento é feito em todos os pacientes sintomáticos, em todos os dias da semana”.

Também por meio de nota, o Hcamp de Goiânia destacou:

“O Hospital de Campanha para Enfrentamento ao Coronavírus (HCamp) de Goiânia destaca que o momento atual reflete um cenário de crise, em que as demandas de vagas ultrapassam a oferta de leitos. A unidade de saúde, em sua última ampliação, atingiu a marca de 100 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), expandindo em 16% sua capacidade para atender os casos críticos, em relação aos 86 leitos existentes na primeira onda. No entanto, opera na capacidade máxima de atendimento e taxa de ocupação.

Desde a abertura do HCamp, em 26 de março do ano passado, não há registro de falta de recursos para os mais de 29 mil pacientes já atendidos no Hospital. Devido à gravidade da segunda onda da doença em Goiás e no país, com objetivo de garantir assistência adequada aos casos que chegam à unidade hospitalar, uma “Sala de retaguarda” passou a ser utilizada. O local dispõe de régua de gases medicinais devidamente instalados com pontos de oxigênio, em que os pacientes são atendidos de forma segura e efetiva para a continuidade do tratamento enquanto não há vagas no próprio hospital e/ou em outras unidades do sistema de atenção à saúde goiana.

A “Sala de retaguarda” oferece recursos humanos (profissionais capacitados), equipamentos e insumos suficientes. A unidade ressalta ainda que os casos admitidos apresentam características clínicas da infecção pelo coronavírus, obedecem aos critérios de gravidade mínima e em todos eles são adotadas medidas para identificação breve do diagnóstico definitivo da Covid-19.”

Imagem: Thaís Luquesi/ TV Anhanguera

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp