O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, teve a data do depoimento adiada. Ele seria interrogado novamente pela Polícia Federal (PF) na tarde desta segunda-feira, 24. A medida foi adotada por “questões médicas”. A expectativa é que o procedimento ocorra na próxima semana. A defesa do servidor da PF alega que ele está com o quadro de depressão e ansiedade agravados devido à prisão cumprida em Brasília há pouco mais de três meses.
Torres teria chegado a tentar suicídio no presídio, de acordo com declarações públicas do deputado federal Eduardo Bolsonaro. Um psiquiatra da rede pública de saúde consultou o paciente no último fim de semana e readequou a medicação, por isso desaconselhou o comparecimento em qualquer tipo de audiência durante uma semana para melhorar o estado emocional e cognitivo.
Ele é testemunha em um inquérito que apura intervenção da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022. A instituição teria dificultado o trânsito de veículos em locais que dariam acesso a locais de votação, especialmente no nordeste onde se concentra grande parte dos eleitores lulistas. Há indícios de tentativa de uso da corporação pelo governo de Bolsonaro para vencer nas urnas.
Desde a semana passada, um movimento em prol de Torres tem sido criado por bolsonaristas. Eduardo pediu a revogação da prisão preventiva do ex-número um do governo do ex-presidente Bolsonaro. O filho de Jair considera que não há elementos que justifiquem a reclusão. Informações de bastidores apontam que o receio dos apoiadores é de uma delação premiada. Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes negou o pedido de liberdade feito pelos advogados do ex-ministro.
Relembre
Anderson Torres foi preso após desembarcar no Brasil em 14 de janeiro no aeroporto de Brasília. Ele estava em viagem de férias com a família nos Estados Unidos quando teve o pedido de prisão decretado pelo STF porque policiais federais encontraram na residência dele o rascunho de documento que pedia um golpe de Estado. A demora do governo do Distrito Federal (GDF) em agir durante a invasão de prédios sede dos três Poderes resultou na intervenção federal na segurança pública e na exoneração de Torres, que era o secretário de segurança local.
Ele assumiu o cargo em 02 de janeiro e saiu de férias para o exterior no dia seguinte. O entendimento de Moraes é que ele e o governador do DF, Ibaneis Rocha, sabiam da ação dos golpistas e foram coniventes. Desde sábado, no dia anterior ao vandalismo nos prédios sede dos Três Poderes, centenas de ônibus e carros com bolsonaristas chegaram à capital federal. As pessoas se concentraram no acampamento montado havia dois meses em frente ao quartel do Exército em Brasília. O setor de inteligência do governo federal teria apontado os riscos, que teriam sido descartados pela GDF.