Com alta da Selic, pedidos de recuperação judicial crescem 20%

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Desde setembro de 2024, quando o atual ciclo de política monetária restritiva começou, o número de empresas em recuperação judicial no Brasil atingiu o recorde de quase 5.300, representando um aumento de 20%. As empresas em crise financeira buscaram a Justiça para renegociar dívidas e evitar a falência, conforme dados do Monitor RGF, da consultoria RGF & Associados. Mesmo com a Selic em queda, os pedidos de recuperação judicial já estavam em alta entre setembro de 2023 e setembro de 2024, período em que a taxa caiu de 13,25% para 10,5%, com um crescimento de 14% para 4.408 CNPJs.

A elevação da Selic impactou significativamente as despesas financeiras das empresas, aumentando os custos para rolar dívidas e obter novos empréstimos. As despesas financeiras das companhias cresceram 21,6% em 12 meses, atingindo R$ 85,8 bilhões, enquanto o saldo financeiro piorou em 20,4%, chegando a R$ 48,4 bilhões no mesmo período. O setor de serviços foi o mais afetado, com 1.207 empresas em recuperação judicial até setembro deste ano, seguido pela indústria, com 1.168 CNPJs, e pelo comércio, com 1.086.

O agronegócio foi um dos setores mais impactados pela alta da Selic, apresentando o maior crescimento no número de empresas em recuperação judicial. Mesmo não sendo o setor com mais CNPJs nessa situação, registrou 12,6 empresas em recuperação judicial para cada mil. As propostas de repactuação com taxas de até 20% ao ano têm dificultado a recuperação financeira das empresas agrícolas, levando muitas delas à recuperação judicial.

A expectativa é que o Banco Central reduza a Selic ao longo do próximo ano, porém, o efeito dessa diminuição nos custos de financiamento pode demorar alguns meses para ser sentido no mercado. O crescimento dos pedidos de recuperação judicial tende a afetar o mercado de trabalho, diminuindo as contratações e reajustes salariais, além de contribuir para a precarização das condições de trabalho e a compressão da renda.

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