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Com alta exigência de perfil, Goiânia tem apenas 21 adoções em 2022

Última atualização 22/12/2022 | 15:34

Apesar da crescente fila de espera de pessoas interessadas em se tornarem mães e pais pela adoção, a quantidade de crianças que ganharam famílias se manteve na média nos últimos dois anos na capital. Neste ano, apenas 21 crianças foram apresentadas a novos lares em Goiânia. Em 2021, foram 23, ao todo. Os dados foram obtidos pela reportagem do Diário do Estado (DE) junto ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). 

O grande empecilho para os menores encontrarem famílias é o perfil. O desencontro ocorre principalmente nos critérios preferidos e idealizados pelos pretendentes a pais. “As pessoas têm um padrão de crianças a serem adotadas. Querem bebês recém-nascidos, brancos, com limite de idade e não querem adotar as que estão disponíveis e não se enquadram nesses ‘pré-requisitos’ “, informa a assessoria de imprensa do TJGO.

De acordo com o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há 306 pessoas solicitando a adoção em Goiânia. No entanto, nenhuma delas quer uma criança preta especificamente como candidata. A situação vem melhorando com o tempo, já que a maioria se dispõe a adotar independentemente da cor (213), enquanto outras preferem menores da cor branca (80), parda (76),  amarela (26) e indígena (9).

As estatísticas de 2019 revelam um cenário parecido ao atual. Das cerca 5 mil crianças e adolescentes cadastradas no Brasil, 91,94% têm mais de seis anos de idade (4.616), 19,06% (958) são negras e 35,21% (1.768) têm algum problema de saúde ou deficiência. Essas três características reduzem as chances de adoção, em função das exigências dos candidatos a pais. De acordo com o CNJ, entre os 42.480 pretendentes à adoção à época, 86,73% não aceitam adotar crianças com mais de seis anos de idade, 44,53% não querem adotar crianças negras e 62,01% não concordam em adotar crianças com problemas de saúde ou alguma deficiência.

O CNJ está analisando o fim do termo étnico na escolha da criança a ser adotada. Desde setembro, no entanto, as famílias podem consultar informações dos meninos e meninas em uma Busca Ativa Nacional. Ao todo, há mais de 32 mil pretendentes em casas de acolhimento de todo o País habilitados no SNA.  

Além das descrições, os futuros pais podem verificar fotos e vídeos das crianças e adolescentes. A ideia da busca ativa é possibilitar o encontro entre pretendentes habilitados e as crianças aptas à adoção que tiverem esgotadas todas as possibilidades de buscas nacionais e internacionais de famílias compatíveis com seu perfil no SNA.