Com aumento de casos de varíola dos macacos, três crianças já foram infectadas

A confirmação de mais um caso de varíola dos macacos em crianças em Goiás nesta quinta-feira, 01, sinaliza que a doença está infectando pessoas de diversas faixas etárias. A tendência ocorre em outros países e deve se repetir no estado, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia em Goiás, Hélio Ranes. Já são três registros no público infantil com idades de 3, 6 e 9 anos. O mais recente ocorreu em Aparecida de Goiânia. Um idoso apresentou a doença.

Uma das preocupações é o risco de quadro grave da infecção nos pequenos. O médico explica que o sistema imunológico deles não está maduro o suficiente para combater o vírus causador da varíola dos macacos, o Monkeypox, por isso o organismo fica mais suscetível à piora de saúde. Além das crianças, os imunossuprimidos também podem ter complicações por causa da doença. 

“É motivo de preocupação, mas não de pânico. A recomendação é manter aqueles mesmos cuidados preventivos contra covid: máscara, higienização das mãos, evitar aglomerações e contato físico. Para as crianças, adotar esses hábitos é difícil, então cabe aos pais ficarem ‘de olho’ “, alerta.

No mês passado, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO) confirmou transmissão comunitária da Monkeypox. O último boletim epidemiológico da pasta registra 226 casos em 20 municípios, sendo a maioria deles (178) em Goiânia. O Brasil tem dois óbitos pela doença, porém nenhum no estado.

Hélio chama atenção para os sintomas leves apresentados por maior parte dos pacientes. “Felizmente, os casos graves não são comuns”, diz. O tratamento consiste em medicação para dor e febre ou internação, quando há muitas lesões na pele e a pessoa está muito debilitada. 

O isolamento é necessário em todos os casos devido ao risco de transmissão do vírus. O tempo médio sem contato social  varia de 14 a 21 dias, considerado o período entre aparecimento de infecções na pele, formação e eliminação das “casquinhas” sobre as feridas.

“Já existe um medicamento para casos graves com 85% de eficácia e uma vacina específicos contra a varíola dos macacos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Estamos muito otimistas de que até o fim do ano eles estejam disponíveis para alguns grupos da população, a exemplo de imunossuprimidos e profissionais de saúde que têm maior risco de contato e maior risco de complicação”, afirma Ranes.

Segundo o presidente da SBI, a transmissão ocorre principalmente por contato direto ou indireto com as pessoas doentes ou objetos contaminados ou ainda por gotículas. Um teste simples usando o mesmo Swab que colhe material biológico para ser diagnóstico de covid serve para conseguir amostra da secreção liberada pela ferida na pele e ser analisada em laboratório.

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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