Com média crescente, abstenções podem ser fator decisivo nas eleições 2022

cabina de votação Eleições Goiás

Nas últimas Eleições, a tendência de abstenções vem crescendo. Neste ano, o primeiro turno acontece no dia 2 de outubro, enquanto o segundo ocorre em 30 de outubro. Para entender melhor como a parcela da população que não comparecerá às urnas pode vir a afetar o atual pleito, o Diário do Estado entrou em contato com o professor e consultor de marketing político, Marcos Marinho.

As abstenções nas eleições

Nas Eleições de 2018, houve um índice recorde de quase 30 milhões de abstenções no 1º turno, o equivalente a 20,32% do eleitorado apto a votar. No 2º turno daquele ano, registrou-se uma redução de 1.431.109 no comparecimento dos eleitores, aumentando a abstenção para 21,3%.

Nas Eleições seguintes, em 2020, as abstenções subiram para 23,14% no primeiro turno, e no segundo turno 29,5% dos eleitores habilitados optaram por não comparecer às urnas. No entanto, Marcos Marinho enxerga como normal essa tendência, sobretudo quando analisamos o pleito de dois anos atrás.

“Já havia uma média crescente nos últimos pleitos. Eu considero que com 2020 temos que ter cuidado para analisar por conta da pandemia, que teve uma influência na abstenção exagerada. Mas, entendo como normal essa crescente, porque de fato não temos tido um processo de politização”, explica.

Segundo ele, as pessoas têm cada vez mais ficado descrentes com a atuação dos parlamentares, o que vai desmotivando o grupo no processo das Eleições. Assim, o eleitor começa a perder a vontade de participar, por não haver muita renovação, serem “sempre os mesmos”. Desta forma, tal eleitor não acredita que o seu voto tem de fato algum potencial para mudar o cenário.

Reflexo na disputa entre Lula e Bolsonaro

Marcos Marinho acredita que esse é um processo muito complexo de significação do pleito, da participação individual junto do coletivo. Quanto mais gente deixa de votar, mais pessoas são eleitas com menos votos do que precisariam, em um cenário no qual todos fossem votar. Nas Eleições presidenciais deste ano, o professor entende que isso pode prejudicar mais Lula (PT) do que Bolsonaro (PL).

“Eu penso que é mais possível afetar o Lula. Justamente por ele estar à frente, isso pode gerar o sentimento de que já ganhou, o que desmobiliza o eleitorado. O eleitor do Bolsonaro, com expectativa de derrotar o PT e o Lula, ele é mais aguerrido. O eleitor de esquerda, de centro, que não está satisfeito nem com Lula e nem com Bolsonaro, pode ser que se abstenha mais do que o eleitor do Bolsonaro”, diz.

Por fim, o consultor de marketing político conclui afirmando que, sempre que algum candidato está muito à frente, precisa tomar o cuidado de manter a militância aquecida para motivar o eleitor a ir votar. O eleitor tem o costume de achar que o seu voto não vai fazer diferença. Porém, se muitos não forem votar, isso acaba fazendo bastante diferença.

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Gabinete de transição ganha reforço com Simone Tebet e Kátia Abreu 

Duas semanas após as eleições, o grupo de trabalho responsável pela transição do governo para a posse Lula ganhará reforços. Na lista de integrantes do gabinete que devem ser nomeados estão a ex-presidenciável Simone Tebet, a filha do cantor Gilberto Gil, Bela Gil, e a ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Os nomes foram anunciados pelo vice-presidente eleito e coordenador do trabalho, Geraldo Alckmin,  nesta segunda-feira. Ao todo são 31 grupos técnicos.

Gil e Tebet fazem parte do tópico Desenvolvimento Social e Combate a Fome, enquanto Abreu de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As áreas ainda sem nomes definidos são Infraestrutura, Minas e Energia, Previdência Social, Trabalho, Ciência, Tecnologia e Inovação, Desenvolvimento Agrário, Pesca e Turismo. (Veja abaixo todos os nomeados no gabinete de transição).

Na semana passada, a goiana Iêda Leal  foi incluída no grupo para cuidar do eixo e Igualdade Racial com outras seis pessoas, incluindo a ex-ministra da área na gestão de Dilma Rousseff, Nilma Gomes. As outras formações para discussão e planejamento são  Comunicação, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Planejamento, Orçamento e Gestão, Indústria, Comércio, Serviços e Pequenas Empresas e Mulheres. 

Há 20 anos, uma lei federal garante acesso de uma equipe formada por 50  pessoas e de um coordenador a informações e dados de instituições públicas. A medida visa colaborar no planejamento de ações a partir da posse do presidente eleito. O trabalho está autorizado a  começar no segundo dia útil do anúncio do vencedor da eleição e deve ser finalizada até o décimo dia após a posse presidencial.

Confira a lista completa dos integrantes do gabinete de transição:

Economia

-Persio Arida, banqueiro, foi presidente do BNDES e do BC

-Guilherme Mello, economista, colaborou com o programa de Lula

-Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento de Dilma (PT)

-André Lara Resende, economista e um dos pais do Plano Real

Planejamento, Orçamento e Gestão

-Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento 

-Esther Dweck, professora da UFRJ

-Antônio Correia Lacerda, presidente do Conselho Federal de -Economia

-Enio Verri, deputado federal (PT-PR)

Comunicações

-Paulo Bernardo, ministro das Comunicações de Dilma

-Jorge Bittar, ex-deputado (PT)

-Cézar Alvarez, ex-secretário no Ministério das Comunicações

-Alessandra Orofino, especialista em economia e direitos humanos

Indústria, Comércio e Serviços

-Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES sob Lula e sob Dilma (2007-2016)

-Germano Rigotto, ex-governador do RS (MDB)

-Jackson Schneider, executivo da Embraer e ex-presidente da Anfavea

-Rafael Lucchesi, Senai Nacional

-Marcelo Ramos, deputado federal (PSD-AM)

Micro e Pequenas Empresas

-Tatiana Conceição Valente, especialista em economia solidária

-Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae

-André Ceciliano, candidato derrotado ao Senado pelo PT no Rio

-Paulo Feldmann, professor da USP

Desenvolvimento Social e Combate à fome

-Simone Tebet, senadora (MDB)

-André Quintão, deputado estadual (PT-MG), sociólogo e assistente social

-Márcia Lopes, ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula

-Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff

-Bela Gil, apresentadora

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

-Carlos Fávaro, senador (PSD-MT)

-Kátia Abreu, senadora (Progressistas-TO)

-Carlos Ernesto Augustin, empresário

-Neri Geller, deputado (PP-MT)

Cidades

-Márcio França, ex-governador de São Paulo (PSB)

-João Campos, prefeito do Recife (PSB)

Desenvolvimento Regional

-Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP)

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