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Com o fim da pandemia, menos goianos estão pedindo o divórcio

Última atualização 21/12/2022 | 08:15

Desde o retorno às atividades “normais”, menos goianos estão se divorciando. A quantidade de solicitações caiu 8,6% entre 2020 e 2021 e a queda foi ainda mais acentuada comparando até novembro deste ano com o primeiro da pandemia, em 2020. Os dados são do Colégio Notarial do Brasil em Goiás (CNB-GO). O número é o menor registrado desde 2017.

 

“Os números revelam o reflexo das medidas de flexibilização contra a Covid-19. O convívio e a rotina estão voltando ao normal, logo as relações voltam a fluir. A pandemia veio como um momento decisivo para colocar fim no matrimônio dos casais que já estavam em conflito”, explica o presidente do Colégio Notarial do Brasil – Seção Goiás (CNB/GO), Alex Valadares. 

 

Segundo ele, o isolamento social no auge da pandemia e prática de atos de forma online podem explicar recorde de atos no ano passado. Entre janeiro e novembro de 2022 foram 3.986 divórcios, em 2021 houve 4.374 dissoluções de matrimônio e em 2020 chegaram a 4.773.

 

Os dados constam da Central Notarial de Serviços Eletrônicos Compartilhados (Censec), base de dados administrada pelo Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal (CNB/CF) e que reúne as informações dos 8.354 Cartórios de Notas do país, responsáveis pelos atos de escrituras públicas, procurações, testamentos, atas notariais, autenticações e reconhecimento de firmas.

Empurrãozinho

A psicóloga Carolina Ribeiro explica que a pandemia pode ter acelerado o fim de muitos relacionamentos porque obrigou os casais a compartilharem as dificuldades e fraquezas individuais e ainda conhecer melhor o parceiro. Em grande parte dos casos, a decisão se baseou no desencontro de expectativas de cada um com a do próprio casamento. 

“A insegurança causada pela pandemia e as complicações financeiras pela perda de emprego tendo que manter o isolamento social com um parceiro que nem sempre se conhece realmente. Hoje em dia, as pessoas se relacionam normalmente aos finais de semana, ou seja, em momentos de lazer. Quase não há a convivência frequente. Os casais saem para trabalhar e não ficam juntos em diferentes momentos”, detalha.

Ela sugere que as pessoas observem durante o namoro a rotina, o comportamento, como é o tratamento do parceiro com você e as outras pessoas, as fantasias, os sonhos, os interesses em comum a médio e longo prazos para que haja objetivos e um futuro juntos. A especialista lembra que a paixão costuma fazer as pessoas ignorarem atitudes que mais tarde ganham proporções desmedidas dentro do matrimônio e podem culminar no divórcio.

O fim do casamento é o último recurso para o incômodo e mal-estar acumulados ao longo de um período de tempo, por isso a decisão ocorre quando se está muito “machucado”. Apesar disso, o sofrimento típico a qualquer término de relacionamento também aparece, principalmente no processo de desapego com o outro e na mudança de rotina de vida.

“Na minha prática clínica, não há arrependimento sobre o divórcio. Geralmente o paciente já está em processo terapêutico e isso vai sendo bem trabalhado até que ocorra a decisão, ou seja, foi bem pensado. Em poucos casos há arrependimento. A busca de um novo eu faz que a pessoa se (re) descubra e perceba que aquele parceiro já não cabia mais em sua vida”, pontua.

Desburocratização

O divórcio pode ocorrer no cartório ou no Judiciário. O local para dar entrada no pedido depende do tipo de separação. Se for consensual, a solicitação pode ocorrer em qualquer tabelionato de notas. Caso seja litigioso, ou seja, não consensual, é necessário seguir pela via judicial.