O tradicional almoço com arroz e feijão temperados com cebola pode ficar mais salgado nos próximos meses. Os ingredientes subiram 131% em quase três anos e tendem a encarecer ainda mais. O impacto da redução das áreas de plantas, aumento de custo de produção e os efeitos do La Niña, que causou mais chuvas, deve ser sentido nos próximos meses.
Para os consumidores, o atual alívio da inflação sobre os alimentos está sendo sentido nos supermercados desde o início do ano. A carne vermelha foi vilã durante meses, mas passou a figurar na dieta com mais frequência no dia a dia e no tradicional churrasco de fim de semana. A mudança de cenário foi sentida pelos supermercados: houve aumento de vendas no consumo doméstico em 1,7% em janeiro deste em relação ao mês do ano anterior, de acordo com a entidade representativa nacinal do segmento.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já previa uma safra de arroz menor em 2023. A colheita se limitará a 10,3 milhões de toneladas – 430 mil toneladas menor comparada ao ano passado. No caso do feijão, a produtividade ajudará os agricultores a colherem um pouco a mais de grãos por área plantada. Apesar disso, a quantidade total do alimento também será reduzida, com estimativa de 26 mil a menos do que no ano passado. A cebola tende a ter mais cara porque é bastante afetada pelas chuvas.
Os esforços do novo governo federal para frear a alta dos alimentos em geral encontram ainda outro obstáculo: a retomada das exportações de carne para a China que haviam sofrido embargo no mês passado devido a um caso suspeito de vaca louca. Parte das propostas do presidente Lula para resolver o problema anunciadas ainda durante a campanha eleitoral são ajuste de preços de mercado e incentivo da produção familiar, além de política de preços mínimos e estoques reguladores para arroz e feijão.