Com suspensão da exportação, carne bovina pode ficar 15% mais barata

A confirmação de um caso de “vaca louca” no Pará pode fazer o preço da carne bovina despencar em aproximadamente 15%. A queda pode ser  favorecida também devido à quaresma, quando cai a procura pela proteína. A confirmação do registro da doença ainda depende de análise para identificar se se trata de uma forma atípica, o que permitiria mais rapidamente o retorno do comércio com a China.

 

“O preço do boi gordo pode cair. Na última vez que tivemos situação semelhante, em 2021, houve uma queda média de 14,4%, segundo dados do Cepea. É de se esperar que haja uma queda, caso se confirme o auto embargo do envio de carnes para a China, porém, depende da classificação do caso. Se for algo isolado, como tem se comentado, não é esperada uma queda ao consumidor final e, portanto, as exportações podem seguir”, esclarece o economista Luiz Carlos Ongaratto.

 

Após uma sequência de altas, o preço da carne vermelha se mantém estável, mas alto. O quilo do coxão mole variou pouco entre janeiro de 2022 para janeiro de 2023: a média era de R$ 40 e passou para R$ 37.  A inflação, desemprego e pressão sobre o orçamento estão desencadeando a diminuição do consumo da proteína entre os brasileiros: em 2018, eram 34 quilos e em 2020 eram apenas 27 quilos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 

O Procon Goiânia verificou redução no preço da carne em janeiro deste ano. O corte que ficou mais barato foi o acém (de R$ 32,97 o quilo para R$ 22,90). As maiores variações de preço encontradas na capital ficaram entre 113,37% e 78,74%. A explicação seria a queda nas exportações, valorização do real frente ao dólar, diminuição de compra de ração em face do tempo chuvoso e alto estoque de cortes no mercado.

 

Na perspectiva de Ongaratto, o jejum e abstinência de carne dos cristãos nos próximos 40 dias não deve impactar tanto na queda de preço da carne. Ele explica que o maior peso na composição é o mercado externo. A alteração da tabela dos açougues tende a ser sentida nos próximos dias, se houver mais cabeças de gado com a doença. Além da China, que é a maior parceira comercial do País para a proteína animal, outras nações podem interromper as compras.

 

Precaução

 

O auto embargo foi uma medida protocolar sanitária, mas “balança um pouco o mercado de carne”, declarou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro,  nesta quinta-feira, 23. Ele minimizou a situação afirmando que a “vaca louca” pode ocorrer em animais mais velhos, como teria sido o caso informado pelo dono do animal ao governo federal, e não haveria risco de disseminação entre seres humanos e o rebanho. A doença teria se desenvolvido espontaneamente pela ingestão de ração contaminada. 

 

A confirmação mais recente da doença, em 2021, fez com o comércio de carne bovina ficasse suspenso durante 100 dias. Em janeiro deste ano, as vendas do produto para o mercado internacional aumentaram saltando de US$722,6 milhões no mesmo período do ano passado para US$775,8 milhões.

 

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Agrodefesa apreende 10 mil embalagens de agrotóxicos armazenadas de forma irregular

A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), em parceria com a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR), deflagrou, na última terça-feira, 17, em Trindade e Paraúna (GO), a Operação Terra Limpa.

A ação resultou na apreensão de mais de 10 mil embalagens vazias de agrotóxicos que estavam armazenadas de forma irregular, em desacordo com legislações ambiental e de defesa agropecuária vigentes.

As embalagens foram encontradas em diferentes estados de processamento — algumas prensadas, outras trituradas —, e estavam em condições inadequadas de armazenamento. Também foi descoberto um caminhão carregado com embalagens vazias.

Os profissionais envolvidos na operação identificaram que os materiais eram triturados para reciclagem, porém a destinação final das embalagens não cumpria as normas legais de devolução de embalagens vazias de agrotóxicos.

Os materiais apreendidos – que totalizaram seis caminhões com produtos – foram enviados para a Associação Goiana de Empresários Revendedores de Produtos Agropecuários (Agerpa), localizada em Goiânia, e para a Associação dos Distribuidores de Produtos Agrícolas de Rio Verde (Adirv) para pesagem e destinação final.

Essas associações são unidades que representam os estabelecimentos comerciais de insumos agrícolas, autorizadas a recepcionar e dar a correta destinação final das embalagens vazias – que passam por tríplice lavagem pelos produtores -, ou ainda daquelas que podem conter resíduos de agrotóxicos.

Segundo a gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio, os fiscais estaduais agropecuários e os agentes da Polícia Civil apuraram ainda que a intenção do proprietário do estabelecimento era desviar as embalagens para recicladoras clandestinas.

“É importante destacar que o processo legal de reciclagem de embalagens vazias de agrotóxicos é de competência do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV). A instituição é responsável pela gestão da política reversa das embalagens vazias de agrotóxicos e nós, da Agrodefesa, estamos inseridos nesse processo como responsáveis por orientar os produtores e fiscalizar o cumprimento da obrigatoriedade legal do correto armazenamento e devolução das embalagens vazias”, informa.

Penalidade

Além da apreensão do material, o responsável pelo estabelecimento foi detido pela Polícia Civil e autuado pelos fiscais da Agrodefesa. De acordo a com legislação federal e estadual de agrotóxicos, a previsão é que esse tipo de infração tenha penalidades administrativa e criminal, com multas que podem chegar a R$ 50 mil, além de pena de reclusão, de dois a quatro anos.

O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, reforça que esse tipo de prática de descarte e armazenamento irregular de embalagens de agrotóxicos vazias, além de ser crime, coloca em risco o meio ambiente, a saúde pública e a economia no Estado.

“Pode trazer sérios danos para a população e afetar toda uma cadeia produtiva. Por isso, casos como esses devem ser denunciados aos órgãos competentes para que as medidas de prevenção e repressão sejam tomadas o mais rápido possível”.

Denúncia

A operação foi realizada a partir do trabalho inicial de apuração feito em Paraúna (GO) por fiscais estaduais agropecuários da Unidade Regional Rio Verdão da Agrodefesa. No município, os profissionais identificaram desvios, processamento e envio de embalagens de agrotóxicos para Trindade.

O coordenador da UR Rio Verdão, Giovani Miranda, destaca que a partir disso foi possível a identificação dos receptadores e a localização do galpão em que o processamento clandestino das embalagens acontecia.

“Essas medidas possibilitaram à Delegacia de Crimes Rurais a apreensão de outras quatro cargas nesse mesmo depósito”, informa.

Participaram da ação fiscais estaduais agropecuários das Unidades Rio dos Bois e Rio Verdão, e da Gerência de Fiscalização Agropecuária, sob coordenação da Gerência de Sanidade Vegetal, além de agentes da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR).

Destinação correta de embalagens de agrotóxicos

Em Goiás, são 13 associações credenciadas pelo inpEV, que juntas são responsáveis pela gestão em 27 Unidades de Recolhimento de Embalagens Vazias (UREV), devidamente cadastradas na Agrodefesa, sendo 17 Postos e 10 Centrais, localizadas nos seguintes municípios:

Acreúna, Anápolis, Bom Jesus, Catalão, Ceres, Cristalina, Formosa, Goianésia, Goiânia, Iporá, Itaberaí, Itumbiara, Jataí, Luziânia, Mineiros, Morrinhos, Paraúna, Piracanjuba, Porangatu, Quirinópolis, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Vianópolis e Vicentinópolis.

Os empresários que utilizam agrotóxicos, ao concluírem a aplicação, devem realizar a tríplice lavagem, armazenamento adequado e a devolução das embalagens vazias, suas tampas e eventuais resíduos pós-consumo dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até um ano, contado da data de compra, ou da data de vencimento.

A devolução pode ainda ser intermediada por postos ou centrais de recebimento, bem como por ações de recebimento itinerantes, desde que autorizados e fiscalizados pelo órgão competente, nesse caso em Goiás, pela Agrodefesa, com a gestão sob responsabilidade do inpEV junto às suas associações de revendas credenciadas.

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