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Com suspensão da exportação, carne bovina pode ficar 15% mais barata

Última atualização 23/02/2023 | 15:08

A confirmação de um caso de “vaca louca” no Pará pode fazer o preço da carne bovina despencar em aproximadamente 15%. A queda pode ser  favorecida também devido à quaresma, quando cai a procura pela proteína. A confirmação do registro da doença ainda depende de análise para identificar se se trata de uma forma atípica, o que permitiria mais rapidamente o retorno do comércio com a China.

 

“O preço do boi gordo pode cair. Na última vez que tivemos situação semelhante, em 2021, houve uma queda média de 14,4%, segundo dados do Cepea. É de se esperar que haja uma queda, caso se confirme o auto embargo do envio de carnes para a China, porém, depende da classificação do caso. Se for algo isolado, como tem se comentado, não é esperada uma queda ao consumidor final e, portanto, as exportações podem seguir”, esclarece o economista Luiz Carlos Ongaratto.

 

Após uma sequência de altas, o preço da carne vermelha se mantém estável, mas alto. O quilo do coxão mole variou pouco entre janeiro de 2022 para janeiro de 2023: a média era de R$ 40 e passou para R$ 37.  A inflação, desemprego e pressão sobre o orçamento estão desencadeando a diminuição do consumo da proteína entre os brasileiros: em 2018, eram 34 quilos e em 2020 eram apenas 27 quilos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 

O Procon Goiânia verificou redução no preço da carne em janeiro deste ano. O corte que ficou mais barato foi o acém (de R$ 32,97 o quilo para R$ 22,90). As maiores variações de preço encontradas na capital ficaram entre 113,37% e 78,74%. A explicação seria a queda nas exportações, valorização do real frente ao dólar, diminuição de compra de ração em face do tempo chuvoso e alto estoque de cortes no mercado.

 

Na perspectiva de Ongaratto, o jejum e abstinência de carne dos cristãos nos próximos 40 dias não deve impactar tanto na queda de preço da carne. Ele explica que o maior peso na composição é o mercado externo. A alteração da tabela dos açougues tende a ser sentida nos próximos dias, se houver mais cabeças de gado com a doença. Além da China, que é a maior parceira comercial do País para a proteína animal, outras nações podem interromper as compras.

 

Precaução

 

O auto embargo foi uma medida protocolar sanitária, mas “balança um pouco o mercado de carne”, declarou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro,  nesta quinta-feira, 23. Ele minimizou a situação afirmando que a “vaca louca” pode ocorrer em animais mais velhos, como teria sido o caso informado pelo dono do animal ao governo federal, e não haveria risco de disseminação entre seres humanos e o rebanho. A doença teria se desenvolvido espontaneamente pela ingestão de ração contaminada. 

 

A confirmação mais recente da doença, em 2021, fez com o comércio de carne bovina ficasse suspenso durante 100 dias. Em janeiro deste ano, as vendas do produto para o mercado internacional aumentaram saltando de US$722,6 milhões no mesmo período do ano passado para US$775,8 milhões.