Com a taxa de juros em alta, casa própria continua sonho distante para muitas famílias

sonho

Você faz parte dos 87% dos brasileiros com sonho em ter uma casa em seu nome? Se sim, a conquista das chaves do imóvel está mais distante devido à alta de juros e inflação. A alternativa são programas habitacionais fomentados por governos municipais e estaduais. Em Goiás, os dados mais recentes apontam um déficit habitacional de 149,5 mil moradias, sendo 23,3 mil delas em Goiânia, segundo o Instituto Mauro Borges.

Na prática, a atual situação econômica complica o acesso ao crédito que garante um financiamento imobiliário. Comprar qualquer bem está literalmente mais caro por causa do aumento de custos que eleva preços e juros. A peculiaridade nacional é que muitos não têm dinheiro suficiente ou condições para se endividar, como renda ou patrimônio suficientes para conseguirem aprovação bancária. 

“Além disso, há questões burocráticas, a exemplo de quem consegue  comprar e pagar as parcelas iniciais às construtoras, porém no momento da entrega ainda não conseguiram o financiamento. A oscilação de juros torna mais imprevisível quanto a pessoa pagará e se vai conseguir o financiamento. Por isso, muitas vezes ocorre a devolução de imóveis porque a pessoa não conseguiu o financiamento”, explica o economista Luiz Carlos Ongaratto.

A habitação como política pública ganha espaço não apenas com a distribuição de casas, mas também por meio de outras estratégias. Aluguel Social, Construção, Crédito Parceria e Escritura são vieses para contemplar diferentes públicos em busca do sonho de um lar, como ocorre no estado. Por exemplo, neste momento estão sendo construídas 3 mil moradias em 42 diferentes municípios e outras 2,5 mil estão previstas em outros 58 municípios para serem doadas, conforme informações da  Agência Goiana de Habitação (Agehab). 

Um imóvel é mais do que um teto sobre a cabeça. Em um país com população sem o hábito de poupar, seja por questões culturais ou financeiras, a casa própria é um investimento seguro em meio a um cenário de incertezas. O especialista lembra que a casa própria é um sonho porque dá estabilidade para a família e segurança no final da vida. A pesquisa da plataforma Quinto Andar com o Instituto Datafolha revelou que o desejo de assinar uma escritura varia conforme a classe social: entre as D e E é maior (92%), seguido da classe A (70%) e depois pelas B (80%) e C (88%). 

Investimento?

Na velhice, o aumento de despesas com a saúde pode comprometer o pagamento de um aluguel já que o valor recebido na aposentadoria é menor do que a remuneração durante o período de atividade. Atualmente, 27% das pessoas entrevistadas no levantamento são inquilinos, 62% têm casas quitadas e 8% pagam financiamento. O especialista sugere pensar no futuro para tentar diminuir as despesas no final da vida. A nova geração parece ter associado o planejamento com um novo estilo de vida ao focar em estratégias para lucrar a longo prazo.

O mercado imobiliário entendeu a mudança de configuração, se alinhou à realidade e vem apostando em empreendimentos compactos. Há cada vez mais moradias com uma única pessoa ou com famílias menores que priorizam liberdade e desapego a bens materiais. Eles avaliam o custo da habitação e de viver em uma região específica. A perspectiva desse grupo moderno em ascensão é considerar o serviço oferecido pelo bem. Por outro lado, algumas pessoas veem o imóvel como uma forma de garantir rendimento mensal.

“Pessoas com mais educação financeira e perfil investidor gostam de ter mais flexibilidade. Quem tem dinheiro aplicado em fundos imobiliários, por exemplo, pode viver de renda e parte dela ser destinada a pagar um aluguel. Mas para isso o dinheiro não pode ser retirado da aplicação porque se não vai ficar sem o dinheiro do aluguel”, detalha Ongaratto.

Caminho mais longo

Uma outra opção são os consórcios, mas Luiz Carlos destaca que é necessário entender como funciona pra realizar o sonho. Ele afirma que a modalidade vale para quem não tem o objetivo de se mudar para o imóvel a curto prazo. “Pode demorar meses ou anos até ser contemplado. Poder ser para quem guarda dinheiro e quer dar lance ou depois de ser contemplado pegar a carta e comprar um imóvel maior do que pensava. Para compras imediatas há o crédito imobiliário,  o crédito direto ao consumidor e outros produtos comuns no mercado financeiro”, esclarece.

Reconhecido como direito fundamental, o acesso à moradia digna, juntamente com acesso à lazer, educação, transporte e emprego, contribui para uma maior qualidade de vida da população. A garantia prevista na Constituição Federal é celebrada em 21 de agosto, no Dia Nacional da Habitação. A data foi criada no ano de 1964, em homenagem à aprovação da lei do Sistema Financeiro de Habitação e da criação do Banco Nacional da Habitação (BNH).

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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