A resistência da natureza em meio à ocupação humana tem feito aumentar os casos de resgate de animais silvestres em Goiânia. Em setembro, 55 deles foram resgatados pela Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma). No mês anterior, no total, foram 44. A tendência é de aumento das ocorrências entre agosto e dezembro porque é o período de acasalamento e nascimento de muitas espécies.
A maioria são aves devido ao recomeço do período de chuvas com vendaval que derrubam os ninhos. No período seco, há mais chances de solicitações para resgate de gambá, sagui, periquito e maritaca. A gerente de Proteção e Manejo de Fauna da Amma, Isabela Saddi, afirma que a maior parte dos chamados é para socorrer animais encontrados em casa e na calçada. O maior risco para os bichinhos são gatos e cachorros, que podem machucá-los ou matá-los.
Ela explica que o ideal é não manejar os animais, mas sugere que as aves sejam recolocadas em ninhos, caso não haja ferimentos, ou colocadas em caixas até a chegada da equipe, se a pessoa se sentir confortável para fazer. Em caso de cobras, por exemplo, a dica é nunca perder o réptil de vista porque elas somem rapidamente.
“Todos são encaminhados para o CETAS [Centro de Tratamento de Aves Silvestres ]. Se o animal silvestre estiver machucado, eles cuidam da recuperação até que esteja apto para a soltura. Caso não seja silvestre, eles são assistidos e podem ser encaminhados para zoológicos ou centros especializados”, diz.
Isabela lembra que o resgate de dois animais exóticos foram os mais marcantes. O primeiro deles foi quando uma mulher a acionou para resgatar uma jaritataca, um gambá parecido com o de desenhos animados. “Quando cheguei, ele tinha expelido um odor que serve para afugentar predadores. Foi tão forte que a dona da casa descartou o sofá, onde ele havia se escondido, e eu fiquei oito dias com o mau cheiro”, relembra sorrindo.
O segundo caso também foi com gambás. Dois deles entraram dentro de um avião agrícola do Rio Grande do Sul que desembarcou em Goiânia. A dupla foi descoberta quando um funcionário limpeza a aeronave e acionou a Amma. Com repercussão nacional no fim do mês passado, o ataque de um tamanduá-bandeira por três cães no Setor Grajaú, na capital, chamou atenção. O animal, que está em extinção, foi mordido pelos cachorros. Ele é muito comum no cerrado e corre risco de atropelamento na área urbana.
O telefone da Amma para solicitação de resgate de animais silvestres é o 161 ou o (62) 3524.1422. Após o resgate, os bichinhos são encaminhados ao Centro de Tratamento de Aves Silvestres (CETAS) para cuidados e destinação adequados.