Já em atraso, fim dos lixões segue longe de ser realidade em Goiás

Prazo apertado, assunto complexo e que ainda mexe com o bolso. O fim dos lixões e a adequação da gestão dos resíduos sólidos deveria ter se tornado realidade em 2014, mas foi postergada para este ano, no caso de cidades maiores, e para 2024, para as pequenas. Executar a ideia esbarra em entraves não só financeiros. Hábitos enraizados na população – que também é responsável pelo lixo que produz – pesam nesse contexto.

Em Goiás, a situação vai de mal a pior. O aterro sanitário é uma espécie de substituto dos lixões, a ser utilizado em último caso dentro de um processo com diversas etapas para recuperar os materiais descartados na cadeia de destinação final. Por aqui, dos 246 municípios apenas 12 possuem essa alternativa, segundo o promotor de defesa do meio ambiente do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Juliano de Barros Araújo.

A capital diz ter um, mas é um lixão organizado. A situação é péssima. A verdade é que o aterro sanitário agora é a última ação para rejeitos, que deve ser precedida por coleta, separação, compostagem e aproveitamento econômico. É uma mudança na forma como enfrentamos essa questão, permeada por aspectos como falta de aceitação e exigência da coletividade e também custo de implantação e de manutenção para que esses locais não voltem a ser lixões”, diz.

São cerca de 1,2 milhão de toneladas de lixo produzidas diariamente pelos goianienses. Grande parte vai para os aterros onde tratores prensam lixo sobre lixo, embora a proposta do marco legal do saneamento básico para esse tema seja priorizar o reaproveitamento que, em Goiânia, ocorre com apenas 6% do material produzido. 

Um levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe ) referente a 2020 apontou que o ritmo de fechamento dos lixões desde 2018 é tão lento que a meta de eliminação desses espaços levaria 40 anos, embora o prazo final estabelecido pela legislação expire daqui dois anos.

Apesar de a legislação ter autorizado os prefeitos a criarem taxas de lixo para subsidiar a gestão dos resíduos produzidos pela população, alguns deles ainda não enviaram projetos de lei acerca da cobrança para as Câmaras Municipais.

No caso de Jandaia, a ideia da prefeita foi investir em coleta seletiva e em educação ambiental para fugir do custo de criação de um aterro. Segundo o promotor Julia, com o apoio dos moradores, ela conseguiu reduzir a produção de resíduos de 40% a 60%, gerar emprego e renda.

Alternativas

Subsidiar a coleta, armazenamento, transporte, tratamento, destinação final e disposição final ambientalmente correta se tornou uma estratégia para tentar resolver o problema de como lidar com o lixo. Além disso, o tema possui dimensão política. É que os prefeitos respondem por ações judiciais quando assumem esse processo já que a responsabilidade pela destinação dos resíduos é individual e não atribuição pública.

Outra medida complementar apontada pelo promotor é a implantação de um centro de tratamento de rejeito regional. Um projeto na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), de acordo com ele, cria essas zonas como uma forma de ajudar os municípios a custear a gestão.

Anápolis é um caso emblemático. A cidade, que já possui um aterro com capacidade para 370 toneladas e previsão de mais 24 anos de vida útil, iniciou diálogo com municípios vizinhos para formação de um consórcio. Juntos, eles produzem 320 toneladas de rejeitos sólidos domésticos, sendo apenas 10 toneladas originárias de Campo Limpo, Ouro Verde e Teresópolis de Goiás. 

“É uma solução para esse problema porque os pequenos não têm estrutura, know how, estrutura jurídica ou expertise para construir os aterros. Nós a temos e a oferecemos. Então, passam a ser administrados e bancados por consórcios”, explica o prefeito de Anápolis, Roberto Naves. Em contrapartida, cada uma das prefeituras remeterá um valor pré-estabelecido para Anápolis. Ainda não há prazo para a conclusão das negociações.

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Hugo destaca avanço em cirurgias endoscópicas com melhorias e investimentos

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do governo do Estado gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein desde junho deste ano, realizou no final de novembro sua primeira cirurgia endoscópica da coluna vertebral. Essa técnica, agora prioritariamente utilizada nos atendimentos de urgência e emergência, é minimamente invasiva e representa um avanço significativo no tratamento de doenças da coluna vertebral, proporcionando uma recuperação mais rápida e menores riscos de complicações pós-cirúrgicas.

Segundo o coordenador da ortopedia do Hugo, Henrique do Carmo, a realização dessa técnica cirúrgica, frequentemente indicada para casos de hérnia de disco aguda, envolve o uso de um endoscópio. Este equipamento, um tubo fino equipado com uma câmera de alta definição e luz LED, transmite imagens em tempo real para um monitor, iluminando a área cirúrgica para melhor visualização. O tubo guia o endoscópio até a área-alvo, permitindo uma visão clara e detalhada das estruturas da coluna, como discos intervertebrais, ligamentos e nervos.

“Quando iniciamos a gestão da unidade, uma das preocupações da equipe de ortopedia, que é uma especialidade estratégica para nós, foi mapear e viabilizar procedimentos eficazes já realizados em outras unidades geridas pelo Einstein, para garantir um cuidado mais seguro e efetivo dos pacientes”, destaca a diretora médica do hospital, Fabiana Rolla. Essa adoção da técnica endoscópica é um exemplo desse esforço contínuo.

Seis meses de Gestão Einstein

Neste mês, o Hugo completa seis meses sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. Nesse período, a unidade passou por importantes adaptações que visam um atendimento mais seguro e de qualidade para os pacientes. Foram realizados 6,3 mil atendimentos no pronto-socorro, mais de 6 mil internações, mais de 2,5 mil procedimentos cirúrgicos e mais de 900 atendimentos a pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A unidade passou por adequações de infraestrutura, incluindo a reforma do centro cirúrgico com adaptações para mitigar o risco de contaminações, aquisição de novas macas, implantação de novos fluxos para um atendimento mais ágil na emergência, e a reforma da Central de Material e Esterilização (CME) para aprimorar o processo de limpeza dos materiais médico-hospitalares.

Hoje, o Hugo também oferece um cuidado mais humanizado, tanto aos pacientes como aos seus familiares. A unidade implementou um núcleo de experiência do paciente, com uma equipe que circula nos leitos para entender necessidades, esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Além disso, houve mudança no fluxo de visitas, que agora podem ocorrer diariamente, com duração de 1 hora, em vez de a cada três dias com duração de 30 minutos.

Outra iniciativa realizada em prol dos pacientes foi a organização de mutirões de cirurgias, visando reduzir a fila represada de pessoas internadas que aguardavam por determinados procedimentos. Essa ação viabilizou a realização de mais de 32 cirurgias ortopédicas de alta complexidade em um período de dois dias, além de 8 cirurgias de fêmur em pacientes idosos. Todos os pacientes beneficiados pelos mutirões já tiveram alta hospitalar.

Plano de investimentos para 2025

Para o próximo ano, além do que está previsto no plano de investimentos de R$ 100 milhões anunciado pelo Governo de Goiás, serão implantadas outras melhorias de fluxos e processos dentro das atividades assistenciais. Isso inclui processos preventivos de formação de lesões por pressão, otimização de planos terapêuticos, cirurgias de emergência mais resolutivas, e outras ações que visam aprimorar o cuidado dos pacientes.

O hospital também receberá novos equipamentos, como o tomógrafo doado pelo Einstein para melhorar o fluxo de pacientes vítimas de trauma e AVC, e um robô de navegação cirúrgica.

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