A situação da segurança do Rio de Janeiro e a recente crise de segurança na favela da Rocinha estão sendo monitoradas pelo Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), localizado na Cidade Nova, região central do Rio. À frente dos trabalhos estão o secretário de Segurança do estado, Roberto Sá, e o comandante da 1ª Divisão do Exército, general Mauro Sinott.
O secretário informou que o governo estadual pediu o emprego das Forças Armadas na Rocinha, em razão dos fortes confrontos registrados hoje (22) entre policiais e criminosos em dois pontos da comunidade. “Entendemos por bem, sim, pedir, agora, o cerco das Forças Armadas para liberar nossos policiais para aumentar a visibilidade, o monitoramento e o patrulhamento em outras áreas”, falou.
Conforme Roberto Sá, no início da semana houve uma informação de que poderia ocorrer um ataque de traficantes na comunidade, mas, naquele momento, a conclusão era de que não precisaria o reforço de militares no local. Ele destacou que, se a cada situação de ameaça de conflito houver deslocamento de tropas, elas terão que se instalar em várias comunidades do Rio.
“A gente tem que cuidar do estado inteiro e.. em dezenas de comunidades conflagradas pode ter uma instabilidade. E, claro, a gente não vai colocar as Forças Armadas [num local] por causa de uma notícia que não é confirmada. Essa avaliação é feita por nós, em um colegiado”, revelou.
Agravamento
O secretário de Segurança descartou que tenha ocorrido erro de avaliação da secretaria sobre a necessidade de apoio das Forças Armadas na Rocinha. Ele informou que, desde o fim de semana, quando começaram os confrontos entre criminosos de dois grupos de uma mesma facção que disputam o controle do tráfico na comunidade, a Rocinha está ocupada por forças de segurança do estado e tudo vinha sendo monitorado, até que hoje a situação se agravou.
Roberto Sá destacou que o CICC conta com a presença de representantes de diversas forças de segurança, da prefeitura e do Comando Militar do Leste (CML). “Todos os esforços, todos os recursos possíveis públicos serão colocados à disposição da sociedade para retomarmos a estabilidade no local e tentarmos, a todo custo efetuar a prisão desses criminosos, seja quando for. A presença nossa [na área], eu já havia dito, é por tempo indeterminado”, revelou.
Segundo ele, as informações operacionais de Segurança são sigilosas e, por isso não podem ser divulgadas, mas o importante é a sociedade saber que o estado e a União estão juntos avaliando, diariamente, a necessidade de destacar efetivos para o local. “À medida que a situação evolui, a gente escala mais recursos, controla, monitora e coloca à disposição, requisita se necessário”, falou.
Bom entendimento
O secretário negou falta de entendimento com o Ministério da Defesa nas ações de integração das forças de segurança. Segundo ele, o relacionamento dos órgãos estaduais com o Comando Militar do Leste sempre esteve muito bem. “Isso faz parte de uma coalização das forças em benefício da sociedade. Em primeiro lugar não há rixa em nosso nível e não houve equívoco de avaliação e nem recusa de apoio. Todo o apoio que está sendo colocado à disposição está sendo avaliado em comum acordo. É importante dizer que não há rixa entre nós, muito ao contrário”, disse.
Quanto às outras comunidades do Rio onde também houve confrontos com criminosos, como o Morro Dona Marta, em Botafogo, e o Complexo do Alemão, na zona norte, o secretário informou que não há previsão, pelo menos, em princípio, de emprego das Forças Armadas.
Sobre o pedido feito pelo governo do estado para o patrulhamento de militares em vias da região metropolitana, como as linhas Amarela e Vermelha e estradas federais, o secretário afirmou que ainda está sob avaliação do governo federal.
O comandante da 1ª Divisão do Exército, Mauro Sinott, destacou que o estudo diário de situação da segurança do Rio nunca foi interrompido e constantemente é feito um trabalho conjunto e interativo com as demais forças de segurança do estado. Sobre o cerco à Rocinha, disse que seus homens, da Polícia do Exército, vão “auxiliar no cerco da região, no controle de trânsito e no controle de espaço aéreo, a fim de liberar o contingente da polícia [estadual] para ações mais específicas de polícias”.