Polícia suspeita que comerciante argentino torturado na Bahia foi monitorado por
suspeitos antes do crime
Estrangeiro e amigo baiano foram sequestrados e torturados por pelo menos nove
homens na RMS. Transferência de cerca de R$ 100 mil para sequestradores e
mudança de bar estão entre elementos que reforçam suspeita de premeditação.
Argentino e baiano foram sequestrados e extorquidos em Camaçari — Foto:
Reprodução/TV Bahia
A suspeita inicial da Polícia Civil é de que o sequestro de dois amigos na Região Metropolitana de Salvador (RMS) tenha sido premeditado. Os dois homens — um argentino e um baiano — foram torturados e passaram 12 horas como reféns dos criminosos entre a noite de sexta-feira (17) e a tarde de sábado (18).
As vítimas foram resgatadas por policiais militares no trecho entre Praia do Forte, distrito de Mata de São João, e Itacimirim, em Camaçari, ambos municípios da RMS.
O baiano segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Aeroporto e ainda não foi ouvido pela polícia. Já o argentino recebeu alta hospitalar. Ele conseguiu prestar um depoimento inicial.
Com base nas informações repassadas pelo homem, entre outras avaliações preliminares, a Polícia Civil acredita que o crime pode ter sido premeditado. O estrangeiro relatou que foi obrigado a transferir cerca de R$ 100 mil para diversas contas.
> “O que a gente está deduzindo é que alguém monitorou essa pessoa, que é um argentino, mas que mora aqui no nosso estado e fazia transações em dinheiro porque, no momento [do sequestro], foi pedido que ele fizesse o pix e ele tinha esse dinheiro disponível pra fazer a transação”, adiantou Heloísa Brito, delegada-geral da instituição, em entrevista à TV Bahia.
Homens são salvos pouco antes de serem mortos
Segundo ela, outro fato que chama atenção para a possibilidade de que o crime tenha sido planejado anteriormente é o fato de que o argentino saiu de um bar para outro. Inicialmente, o homem estava em um estabelecimento comercial em uma área de maior movimento, mas, a convite do amigo baiano, foi até o segundo barzinho em local mais isolado. A polícia não divulgou os nomes dos estabelecimentos nem a distância entre eles.
> “Com certeza foi o local propício para que eles fossem abordados e sequestrados”, ressaltou Heloisa.
Um terceiro elemento que reforça a suspeita é a quantidade de criminosos envolvidos. Pelo menos nove homens teriam participado da ação criminosa. Até a tarde desta terça, nenhum deles foi preso.
“(…) A quantidade de pessoas que o abordaram mostra que não foi uma coisa por acaso, um princípio de oportunidade, mas que, sim, tinham pessoas que já estavam esperando o momento pra abordar esse comerciante e, a partir daí, fazer esse sequestro”.
Os homens foram resgatados após policiais militares, que faziam rondas na região, serem informados de que criminosos “desmanchavam” um carro na área. Os criminosos conseguiram fugir, mas os gritos das vítimas chamaram atenção dos PMs, que conseguiram libertá-las.
Não há mais detalhes sobre o estado de saúde do argentino nem do baiano. O crime é investigado pela Delegacia Especializada Antissequestro.
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