Comerciante intoxicado por metanol tem alta após tratamento com vodca russa: ‘Muita gratidão’
Na ausência do antídoto, médicos utilizaram vodca de 40% de etanol, que era decorativa da sobrinha, por quatro dias no hospital; tratamento incluiu hemodiálise. Cláudio Crespi, de 55 anos, recebeu alta do hospital neste domingo (12).
Uma garrafa de vodca russa com 40% de teor alcoólico que era usada como decoração pela família havia cinco meses ajudou a salvar a vida do comerciante. A sobrinha do comerciante, a advogada Camila Crespi, lembra que ele foi levado às pressas para a UPA da Vila Maria, e uma médica apontou a suspeita de metanol no paciente, que foi entubado. O problema: o hospital não dispunha do antídoto. A solução: Camila tinha, em casa, vodca russa.
Os médicos utilizaram a vodca, segundo a sobrinha, por cerca de quatro dias no ambiente controlado do hospital. “Ajudou a estabilizá-lo. A hemodiálise que fez a diferença”, pontua. Cláudio ficou em estado grave, e a mãe chegou a se despedir do filho no leito. Em 2 de outubro, porém, ele acordou do coma e, depois de quatro dias, deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O médico hepatologista Rogério Alves explica que o metanol é um tipo de álcool tóxico que pode causar danos sérios. Os antídotos fomepizol e etanol são fundamentais para combater a intoxicação por metanol. O fomepizol é o ideal, mas o etanol pode ser utilizado quando o primeiro não está disponível. Além disso, a hemodiálise e o bicarbonato são usados para eliminar o veneno e corrigir o sangue.
A Polícia Civil de São Paulo fechou uma fábrica clandestina ligada aos casos de metanol no estado. A suspeita é que a fábrica pirata comprava etanol em postos de combustível e o adulterava com metanol, o que causou os casos de intoxicação. O governo de São Paulo alerta para os sintomas de intoxicação por metanol e orienta um protocolo padrão para pacientes com sintomas persistentes após o consumo de bebidas destiladas.
O número de casos de intoxicação por metanol em São Paulo aumentou, com várias mortes confirmadas. O governo busca identificar e punir os responsáveis pela adulteração de bebidas. A destruição de garrafas apreendidas é autorizada pela Justiça para evitar a comercialização de bebidas adulteradas que representam sério risco à saúde pública. Cláudio Crespi é um sobrevivente que, embora com sequelas, expressa gratidão pela segunda chance de vida que recebeu após o tratamento com vodca russa.